Quando as empresas investem muito em diferentes tecnologias para melhorar as operações e as cadeias de suprimentos, é normal que ocorram algumas tentativas e erros. Mas, como mostra nossa Pesquisa sobre Tendências Digitais em Operações 2024, ainda há muitos equívocos e isso pode ser difícil para o alto escalão e os acionistas absorverem.
Esta edição foi realizada com 600 líderes de operações e de cadeia de suprimentos, e revelou uma lacuna importante entre o que eles esperavam que a nova tecnologia poderia proporcionar e os resultados reais.
Para aqueles que são “obcecados por resultados”, esse gap prejudica os esforços para criar mais valor na cadeia de suprimentos e nas operações em geral. Algo que poucos podem se permitir num mundo onde 45% dos CEOs, segundo a 27ª CEO Survey da PwC, acreditam que suas empresas não serão viáveis dentro de dez anos se permanecerem no caminho atual.
Muitas empresas investiram em diversas tecnologias para digitizar as operações. A nuvem (62%) e a IA, incluindo o aprendizado de máquina (55%), apresentam uma liderança clara, enquanto as melhorias em ERPs (27%) e os ecossistemas de dados (33%) recebem o menor investimento. Entre as diferentes áreas de operações, o controle de qualidade é o que mais utiliza tecnologia, principalmente a IA e os recursos de visibilidade operacional e análise de dados. Serviços e manutenção são os que registram menos avanços. Já o planejamento, o fornecimento, a produção e a distribuição estão em um nível intermediário semelhante.
Mesmo assim, 69% dos entrevistados selecionaram pelo menos uma razão pela qual seus investimentos em tecnologias para operações não produziram totalmente os resultados esperados. Mais da metade (59%) citou pelo menos duas razões e 37% citaram pelo menos três. Embora a proporção de entrevistados cujas empresas não concretizaram plenamente os resultados esperados tenha diminuído em relação aos anos anteriores, o fato de mais de dois terços ainda alegarem deficiências nos investimentos tecnológicos indica um problema persistente.
Sete em cada dez entrevistados relataram ter feito testes ou implementação com IA generativa, o que está em linha com a grande expectativa em torno dessa tecnologia. Na nossa 27ª CEO Survey, 70% dos CEOs em todo o mundo disseram que a IA generativa mudará significativamente a forma como suas empresas criam, entregam e capturam valor - no Brasil, esse número foi de 72%.
Porém, apenas um em cada cinco responsáveis pelas operações e pela cadeia de suprimentos afirmou que a IA generativa foi implementada em muitas áreas. E essa implementação é distribuída entre diferentes atividades – desde formação de funcionários em soluções de IA generativa até contratação de novos talentos ou prestadores de serviços– o que indica uma falta de estratégia consistente de IA generativa em muitas operações.
Todos querem gastar menos e ser mais eficientes. Por isso é compreensível que, ao digitizar as operações, a redução de custos e o aumento da velocidade estejam entre os objetivos mais importantes para os entrevistados – e que essas metas continuem a ser suas principais prioridades. Mas é preocupante ver que há muito menos apoio a objetivos que podem ter um impacto de longo prazo, como a exploração de inovações e a implementação de diferentes modelos de negócio.
Embora 50% dos entrevistados tenham afirmado que aumentaram o seu orçamento global para tecnologia nos últimos 12 meses – o que é admirável – apenas 36% afirmaram ter reestruturado as suas redes de cadeia de suprimentos e somente 37% afirmaram ter mudado o seu modelo operacional. Nossa experiência indica que essa “mudança” é muitas vezes mais uma melhoria ou evolução do que uma mudança generalizada no modelo. Isso também está relacionado à baixa adesão à iniciativa de reconfigurar a rede da cadeia de suprimentos – apenas 26% indicaram a atividade entre as principais prioridades.
As empresas têm chamado a atenção para a necessidade de competências digitais há anos. No total, 39% dos entrevistados afirmaram que a falta de talentos digitais qualificados é o seu maior desafio para a digitização das operações – superando problemas de dados, eliminação gradual da tecnologia legada e outras questões. Além disso, 74% disseram que a aquisição e retenção de talentos são um risco moderado ou grande para as operações da sua empresa.
Mas isso é apenas conversa fiada? Considere que menos de um terço dos líderes de operações e da cadeia de suprimentos afirma que o desenvolvimento da sua força de trabalho digital e o aumento da digitização, automação e análise de dados estão entre as principais prioridades. E isso depois que os executivos da nossa 27ª CEO Survey afirmarem que, em média, 40% do tempo gasto em reuniões, processos administrativos e e-mails é ineficiente.
Em relação a fazer investimentos digitais em operações, é mais provável que as empresas olhem para a sua força de trabalho. A proporção de entrevistados que disse estar aumentando o treinamento dos funcionários para uso de tecnologias digitais (87%), contratando talentos com habilidades digitais (84%) e requalificando funcionários para novas funções (80%) é maior do que aquela que está mudando o número total de funcionários (72%), usando fornecedores terceirizados para preencher lacunas de habilidades (64%) e alterando sua dependência de mão de obra terceirizada (61%).
Se você trabalha em operações e na cadeia de suprimentos, é essencial mitigar riscos e saber agir em meio à turbulência. Não surpreende que as disrupções na cadeia de suprimentos (46%) e as ameaças e ataques cibernéticos (40%) sejam os principais riscos para as operações de uma empresa – à frente dos custos laborais, da aquisição e retenção de talentos e das elevadas taxas de juros. E tudo isso ultrapassa questões globais mais amplas que podem repercutir nas operações de empresas de vários tamanhos, como o ambiente regulatório fora dos EUA (21% dizem ser um grande risco), tensões geopolíticas (23%) e climáticas (25%).
Esse cenário realça a necessidade de incorporar mais a resiliência no planejamento de longo prazo – embora o foco de curto prazo englobe também o cumprimento das regulações. Há muito mais entrevistados interessados em fazer novos investimentos digitais para cumprir os requisitos de segurança cibernética e de privacidade de dados do que para abordar regulamentações climáticas ou comerciais. Isso sugere que muitas empresas – mesmo que concordem com a necessidade de reorientar sua cadeia de suprimentos e reconsiderar seu modelo operacional – não têm capacidade para pensar de forma mais ampla e radical. Continuam a pensar de forma incremental e fazer “o que sabem”.
Pouco mais da metade dos responsáveis por operações e cadeia de suprimentos concorda firmemente que a incorporação da sustentabilidade nas operações está se tornando mais importante – um sinal de que algumas empresas valorizam as oportunidades estratégicas que a sustentabilidade apresenta. Isso inclui produtos e serviços sustentáveis, descarbonização em toda a cadeia de suprimentos e relatórios ESG que podem levar a insights sobre o crescimento. À medida que mais empresas trabalham para alinhar seus fornecedores com os seus objetivos de sustentabilidade (como indicado por 45% dos entrevistados que concordam fortemente com isso), esses fornecedores também poderão tornar a sustentabilidade uma prioridade maior. As empresas que adotam uma abordagem firme em relação à sustentabilidade poderão conquistar novos negócios, ganhar participação de mercado e obter valor com seus investimentos digitais.
É hora de levar a sério como ir além da busca de uma determinada tecnologia e realmente promover avanços com seus investimentos digitais – sem perder o foco nos resultados.
Aproveite novas tecnologias, reinvente seu negócio e acelere os resultados.
A Pesquisa sobre Tendências Digitais em Operações 2024, conduzida pela PwC, abrangeu entrevistas com 600 executivos de operações e responsáveis pela cadeia de suprimentos em janeiro e fevereiro de 2024. Entre os respondentes da pesquisa on-line estão executivos de alto escalão, incluindo membros do C-suite, diretores, gerentes e membros de conselho, todos sediados nos EUA, que ou têm total responsabilidade pelas decisões estratégicas em operações e cadeia de suprimentos e compras, ou compartilham sua influência com outros. Os setores pesquisados incluem: bens de consumo; energia, serviços públicos e mineração; serviços de saúde e produtos farmacêuticos; produtos industriais; e tecnologia e telecomunicações.
Consulte relatórios anteriores: Pesquisa PwC sobre Tendências Digitais na Cadeia de Suprimento 2023