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Os desafios do IFRS 17 na América Latina – Brasil e Peru em perspectiva

Autoras: Gisele Sterzeck, sócia da PwC Brasil e Sarah Arbieto, Senior manager da PwC Peru.

O mercado segurador na América Latina

A nova norma contábil IFRS 17 – Insurance Contracts vem trazendo diversos desafios de implementação para as companhias seguradoras, mas também é uma oportunidade para que essas empresas repensem seus processos do ponto de vista operacional e de gestão. Isso porque gerar dados com qualidade para fazer a transição é fundamental para uma demonstração financeira que atenda à nova norma.

O mercado segurador da América Latina é diverso. Enquanto alguns países apresentam bons índices de crescimento, outros têm um desempenho mais estável ou até estagnado. Do total de prêmios do mercado latino-americano em 2019, 54% vêm de produtos non-life e 46% de produtos life.1

Outra característica importante desse mercado é a regulação por entidades supervisoras com políticas prudenciais que, por vezes, apresentam algum distanciamento do que pedem as normas internacionais de contabilidade.

Os reguladores locais precisam aprovar as normas contábeis internacionais para assim exigir que as entidades reguladas as apliquem. A tabela a seguir apresenta o atual status de aprovação no Brasil e no Peru:

O segmento de seguros nos países da América Latina é formado, em grande parte, por subsidiárias de grupos financeiros domiciliados nos Estados Unidos ou na Europa. Em alguns países, essas empresas atuam há pouco tempo e estão crescendo em um mercado que se torna cada vez mais relevante na região.

Os desafios do IFRS 17

A implementação da nova norma contábil tem diversos aspectos positivos, como a melhoria na comparabilidade das demonstrações financeiras e a consistência com a contabilidade de outros países. No entanto, esse processo também gera alguns desafios para as seguradoras. A seguir, destacamos alguns pontos que temos observado no Brasil e no Peru com relação ao processo de implementação:

  • No caso de pequenas subsidiárias de grupos estrangeiros, as solicitações para analisar os impactos do IFRS 17 chegaram com algum atraso e com orientações pouco claras.

  • As diretrizes corporativas muitas vezes terão de ser “tropicalizadas” ou adaptadas para a realidade de cada subsidiária e país, o que cria um desafio adicional para o grupo e a subsidiária.

  • As equipes locais também enfrentam desafios relacionados à capacitação de pessoas que se dedicam a esse tipo de projeto e muitas vezes precisam conciliá-lo com rotinas de fechamento contábil.

  • Os fluxos de caixa esperados e reais podem diferir em uma visão financeira separada e consolidada, o que talvez exija a execução de cálculos independentes.

  • Há algumas das complexidades adicionais relacionadas aos métodos de transição, dado que localmente as entidades não elaboram demonstrações financeiras separadas de acordo com o IFRS. Elas muitas vezes são elaboradas no GAAP local.

Como solucionar essas questões?

As formas de abordar esses problemas são diversas e normalmente se baseiam na procura de consultores externos ou na formação e capacitação de recursos internos.

No caso de entidades que não fazem parte de grupos econômicos estrangeiros, o trabalho de identificação de gaps e busca de suporte especializado (consultores, auditores etc.) pode estar mais avançado tanto nas definições metodológicas quanto na análise da viabilidade de possíveis mudanças/desenvolvimentos em sistemas.

O nível da experiência das equipes de consultores também é variado e responde às necessidades de cada país. No Peru, por exemplo, o regulador local está interessado em entender os desafios técnicos envolvidos no IFRS 17. No entanto, ainda não houve nenhuma exigência regulatória de avaliação preliminar de impactos da norma, como aconteceu no Chile.

No Brasil, o regulador também está em processo de avaliação do standard e não solicitou nenhuma análise ou diagnóstico formal para as seguradoras. Por outro lado, as seguradoras de capital aberto e as subsidiárias de companhias estrangeiras estão em discussões e processos mais avançados de implementação.

A implementação do IFRS 17 pode ser muito complexa para as seguradoras, trazendo tanto desafios quanto oportunidades diversas. A decisão de capacitação interna ou mesmo de contratação de consultores, que podem apresentar as diversas perspectivas do mercado sobre determinados temas, deve estar bem delimitada na estratégia do projeto de IFRS 17 e será fundamental para o sucesso da iniciativa.

 

1. The Latin American Insurance Market in 2019 – Fundación Mapfre.

Contatos

Gisele  Sterzeck

Gisele Sterzeck

Sócia, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

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