Como está a maturidade das startups do setor de agronegócio e qual a expectativa dos investidores em relação à governança corporativa? Nesse relatório, apresentamos um recorte do estudo Jornada da Confiança, que mediu pela primeira vez esses aspectos em startups no Brasil. O objetivo é ajudar as empresas em sua jornada de implantação de mecanismos mais sólidos de governança e ampliação de investimentos.
Os resultados apresentados se baseiam em respostas fornecidas por 33 empreendedores do agronegócio e 37 investidores a um questionário elaborado de acordo com o framework detalhado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). O modelo divide as empresas em quatro fases de evolução – ideação, validação, tração e escala. Em cada uma delas, as práticas adotadas foram avaliadas a partir de quatro pilares definidos pelo próprio instituto.
“O mundo está em constante mudança e o grande desafio para a alta liderança das organizações é transformar o futuro, encarando o presente. Nesse contexto, as startups ligadas ao agronegócio têm papel fundamental para apoiar as empresas em sua jornada da ‘inovação aberta’, aportando velocidade e cocriando soluções inovadoras em todos os elos da cadeia de valor.”
“Os investidores exigem cada vez mais das empresas a confirmação de que os conceitos de governança, mais do que um discurso, estão realmente sendo aplicados na prática. O nosso estudo permite ver exatamente como o ecossistema de startups está percorrendo sua jornada da teoria para a prática da governança.”
Metade das startups do agronegócio ainda não adota a prática recomendada neste pilar, que é abordar formalmente no acordo de fundadores questões relacionadas à propriedade intelectual e confidencialidade dos envolvidos no empreendimento. Quase um terço dos investidores (27%) esperam ver essa prática implementada.
Ao todo, um terço das startups do setor do agronegócio participantes da pesquisa está em desacordo com a recomendação do framework nesta fase em relação ao pilar de Estratégia e sociedade, por não cumprirem a prática prevista no processo de evolução da startup, que é a formalização do contrato social.
Entre as startups do agronegócio na fase de tração que adotam a prática recomendada neste pilar, 6% já cumprem uma das atividades esperadas na próxima categoria. No entanto, 13% do total de participantes mostram um avanço prematuro, pois, embora adiantadas, ainda não cumprem práticas recomendadas em relação a processos e accountability. Isso acende um sinal de alerta, pois etapas fundamentais de estruturação não estão cumpridas (como gestão de orçamento). Quase metade dos investidores tem expectativa de ver essa prática adotada nas startups.
Nenhuma startup do agronegócio na fase de escala pratica todas as atividades recomendadas para a sua categoria no pilar de pessoas e recursos. O dado preocupa, uma vez que 57% dos investidores têm expectativa de ver um plano de sucessão elaborado e 32% esperam que a empresa tenha um conselho de administração para apoiar os sócios.
Sócio e líder de Startups e investidores, PwC Brasil
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