Governança corporativa em startups do agronegócio

Estágio de maturidade e expectativa dos investidores

Como está a maturidade das startups do setor de agronegócio e qual a expectativa dos investidores em relação à governança corporativa? Nesse relatório, apresentamos um recorte do estudo Jornada da Confiança, que mediu pela primeira vez esses aspectos em startups no Brasil. O objetivo é ajudar as empresas em sua jornada de implantação de mecanismos mais sólidos de governança e ampliação de investimentos.

Os resultados apresentados se baseiam em respostas fornecidas por 33 empreendedores do agronegócio e 37 investidores a um questionário elaborado de acordo com o framework detalhado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). O modelo divide as empresas em quatro fases de evolução – ideação, validação, tração e escala. Em cada uma delas, as práticas adotadas foram avaliadas a partir de quatro pilares definidos pelo próprio instituto.

 

Os quatro pilares das práticas de governança

Trata da visão de médio e longo prazo e dos aspectos de relacionamento entre sócios. É o pilar mais importante para a empresa alcançar a maturidade e chegar à fase de escala/crescimento.

 

Tudo o que envolve capital intelectual e os recursos tangíveis e intangíveis necessários à construção de uma startup.

É o que distingue ideias de modelos operacionalizáveis e garante a sustentabilidade e a proteção da inovação pretendida.

Permite avançar nas fases de desenvolvimento e cria as bases para crescer de forma sustentável e consistente.

“O mundo está em constante mudança e o grande desafio para a alta liderança das organizações é transformar o futuro, encarando o presente. Nesse contexto, as startups ligadas ao agronegócio têm papel fundamental para apoiar as empresas em sua jornada da ‘inovação aberta’, aportando velocidade e cocriando soluções inovadoras em todos os elos da cadeia de valor.”

Maurício Moraes, Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

Qual deve ser o foco de governança em cada fase

Ideação

  • Estruturar os papéis e as responsabilidades dos sócios, especificando as formas de contribuição e a intensidade de dedicação, a remuneração e futura participação.
  • Estabelecer as expectativas de cada sócio em termos de propósito, tamanho, alcance, estilo de gestão da startup.
  • Definir regras de entrada e saída no negócio.
  • Garantir a titularidade da propriedade intelectual da sociedade.

Validação

  • Constituir a empresa e estabelecer regras sobre direitos e deveres dos sócios, incluindo as primeiras reflexões sobre o propósito da organização.
  • Organizar práticas referentes a potenciais empregados-chave e a relação com clientes e parceiros estratégicos.
  • Manter controles internos e indicadores mínimos adequados para apuração de resultados e eventual prestação de contas a terceiros.

Tração

  • Fortalecer o entendimento da diferença entre a posição de sócio e de executivo.
  • Definir alçadas para tomada de decisão.
  • Estruturar o conselho (consultivo ou de administração).
  • Evoluir nas práticas de planejamento e controle do negócio.

Escala

  • Consolidar práticas que podem auxiliar o negócio a prosperar e a ter a continuidade desejada.

“Os investidores exigem cada vez mais das empresas a confirmação de que os conceitos de governança, mais do que um discurso, estão realmente sendo aplicados na prática. O nosso estudo permite ver exatamente como o ecossistema de startups está percorrendo sua jornada da teoria para a prática da governança.”

Rodrigo Marcatti, Sócio e líder de Startups e Investidores, PwC Brasil

Alguns destaques das práticas de governança das startups do agronegócio por fases

Ideação

Tecnologia e propriedade intelectual

Metade das startups do agronegócio ainda não adota a prática recomendada neste pilar, que é abordar formalmente no acordo de fundadores questões relacionadas à propriedade intelectual e confidencialidade dos envolvidos no empreendimento. Quase um terço dos investidores (27%) esperam ver essa prática implementada.


Validação

Estratégia e sociedade

Ao todo, um terço das startups do setor do agronegócio participantes da pesquisa está em desacordo com a recomendação do framework nesta fase em relação ao pilar de Estratégia e sociedade, por não cumprirem a prática prevista no processo de evolução da startup, que é a formalização do contrato social.


Tração

Processos e accountability

Entre as startups do agronegócio na fase de tração que adotam a prática recomendada neste pilar, 6% já cumprem uma das atividades esperadas na próxima categoria. No entanto, 13% do total de participantes mostram um avanço prematuro, pois, embora adiantadas, ainda não cumprem práticas recomendadas em relação a processos e accountability. Isso acende um sinal de alerta, pois etapas fundamentais de estruturação não estão cumpridas (como gestão de orçamento). Quase metade dos investidores tem expectativa de ver essa prática adotada nas startups.


Escala

Pessoas e recursos

Nenhuma startup do agronegócio na fase de escala pratica todas as atividades recomendadas para a sua categoria no pilar de pessoas e recursos. O dado preocupa, uma vez que 57% dos investidores têm expectativa de ver um plano de sucessão elaborado e 32% esperam que a empresa tenha um conselho de administração para apoiar os sócios.

Contatos

Rodrigo Marcatti

Rodrigo Marcatti

Sócio e líder de Startups e investidores, PwC Brasil

Tel: +55 (11) 94734 4942

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

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