A persistente lacuna salarial de gênero no Reino Unido levou a um exame mais profundo dos fatores que provocam as disparidades salariais de gênero. Realizamos análises para explorar se elas permanecem, mesmo considerando diferenças em características pessoais e de trabalho que impactam os salários (como qualificações ou nível ocupacional).
Descobrimos que, ainda que se leve em conta uma série de fatores determinantes do salário, a maioria dos casos de diferença salarial entre os gêneros persiste. Chamamos essas diferenças de “penalidades salariais”. A presença dessas disparidades sugere que preconceitos e desigualdades estruturais no local de trabalho têm um papel crucial nas diferenças salariais de gênero. Além disso, descobrimos que elas são acentuadas quando se considera a intersecção de gênero com renda, etnia e idade.
Luxemburgo ocupa o primeiro lugar no Women in Work Index 2024, da PwC, seguido por Islândia e Eslovênia. O desempenho sólido de Luxemburgo foi impulsionado por uma melhoria em todos os cinco indicadores do estudo entre 2021 e 2022. O país é líder em toda a OCDE no que diz respeito à diferença salarial entre os gêneros, com uma lacuna negativa de -0,2%, o que significa que os ganhos médios das mulheres são mais altos que os dos homens.
A Austrália experimentou o avanço anual mais significativo na classificação, subindo sete lugares, do 17º lugar, em 2021, para o 10º lugar, em 2022. Já o Reino Unido apresentou a maior queda em relação ao ano anterior, caindo quatro posições: do 13º, em 2021, para o 17º lugar, em 2022.
Apesar do aumento de 1,1 ponto entre 2021 e 2022, que reflete pequenas melhorias na maioria dos indicadores, a classificação do Reino Unido no ranking caiu do 13º para o 17º lugar – a maior queda anual entre todos os países da OCDE. Isso foi impulsionado pelo aumento de 14,3% para 14,5% na disparidade salarial de gênero entre os dois anos e pelo fato de o país estar avançando mais lentamente do que os outros rumo à igualdade de gênero no trabalho.
No estudo regional do Reino Unido, a Escócia conquistou o primeiro lugar, este ano, seguida pelo Sudoeste e pelo Leste da Inglaterra. O bom desempenho da Escócia foi impulsionado por uma melhoria na maioria dos indicadores. Isso inclui um aumento na taxa de participação da força de trabalho feminina: de 73,2%, em 2021, para 74,9% em 2022. Isso também levou a Escócia a registrar a menor diferença nas taxas de participação entre homens e mulheres em todo o Reino Unido, com 4,4%.
“Em toda a OCDE, o progresso rumo à igualdade de gênero no trabalho continua lento. Nesse ritmo, levará mais de 50 anos para eliminar a lacuna salarial de gênero.”
“Para cada libra esterlina ganha por um homem no Reino Unido, uma mulher com as mesmas qualificações e histórico pessoal e profissional ganha, em média, 90 centavos. Isso sugere que preconceitos e desigualdades estruturais no local de trabalho desempenham papel crucial na promoção das disparidades salariais entre homens e mulheres.”
“Com 14,5%, a diferença salarial de gênero no Reino Unido é maior do que a média da OCDE, de 13,5%. E o Reino Unido ficou atrás da OCDE em relação a esse indicador na maior parte da última década.”
Embora seja uma medida útil, a análise da disparidade salarial de gênero capta a diferença nas médias de rendimentos entre mulheres e homens e não leva em conta diferenças em outras características determinantes para o salário, como níveis de qualificação, setor e grau ocupacional. Realizamos uma análise para identificar se as disparidades salariais de gênero no Reino Unido persistem ainda que se considerem outras características pessoais e de trabalho que impactam o salário.
Mesmo após contabilizar nove fatores determinantes de pagamento além do gênero, constatamos que, na maioria dos casos, a diferença salarial entre homens e mulheres se mantém. Nossa análise mostra que, em média, para cada libra ganha por um homem no Reino Unido, uma mulher com as mesmas qualificações e histórico pessoal e profissional ganha, em média, 90 centavos. Isso destaca o papel crucial de preconceitos e desigualdades estruturais no local de trabalho na perpetuação de disparidades salariais de gênero.
Nossa análise também mostra que os preconceitos de gênero não operam isoladamente na formação de disparidades salariais. O gênero muitas vezes tem impactos cruzados com outras características (como etnia ou idade) nos rendimentos e resultados de carreira.
Você pode explorar os resultados da análise sobre as penalidades salariais abaixo.
Compreender a multiplicidade de fatores e complexidades que geram as disparidades de gênero nos salários é um passo crucial para abordá-las e evoluir rumo a um ambiente de trabalho mais igualitário.
Eliminar as penalidades salariais de gênero poderia levar a ganhos econômicos consideráveis. Estimamos que, se as mulheres no Reino Unido não enfrentassem essa disparidade, o aumento potencial nos seus ganhos seria de £ 55 bilhões por ano. Isso também poderia incentivar mais mulheres a ingressar ou retornar à força de trabalho: um aumento de 5% na participação feminina na força de trabalho poderia impulsionar o PIB do Reino Unido em até £ 125 bilhões por ano.
Nota: no relatório deste ano, usamos dados de 2022 para apresentar os resultados mais recentes do Women in Work Index. Um atraso na disponibilidade de dados dos 33 países abrangidos pelo nosso estudo indica que esses são os dados anuais mais recentes disponíveis no momento da publicação. Quando nos referimos aos resultados mais recentes, estamos falando dos dados de 2022. Da mesma forma, nosso relatório de 2023 apresentou a atualização mais recente do índice usando dados de 2021, e assim por diante. Nossa análise de ganhos econômicos se baseia em dados até 2022 e é apresentada em termos nominais.
Conheça a nossa ferramenta que avalia as disparidades salariais entre homens e mulheres e permite identificar os principais fatores por trás delas. Isso ajuda a indicar estratégias para equiparar salários.