Os riscos relacionados às ameaças provocadas pelas mudanças climáticas para o planeta, o clamor por uma sociedade mais igualitária e inclusiva e o papel que as empresas e suas estruturas de comando desempenham diante da complexidade do atual ambiente de negócios, frente a esses e outros riscos, têm sido potencializados pelos profundos efeitos da atual crise sanitária e contribuído para colocar as práticas de ESG como prioridade nas agendas de investidores e da sociedade civil como um todo. Os diversos stakeholders querem entender como as empresas geram e compartilham valor de forma sustentável e como lidam com esses temas.
É urgente incorporar ESG na estratégia e no dia a dia das empresas. Medir e comunicar planos e avanços passa a ser tão importante para as organizações quanto gerar resultados econômicos.
Os riscos referidos eram antes percebidos como de ocorrência pouco provável e seus efeitos, menos impactantes. A crescente preocupação ambiental e a demanda por inclusão e diversidade foram aceleradas pela atual crise pandêmica que assola nossas sociedades. A pandemia teve como efeito colateral o aumento da consciência sobre a iminente materialização de alguns desses riscos, com impactos potencialmente dramáticos sobre as empresas e a sociedade.
Como consequência, as empresas têm sido cada vez mais demandadas pelos diversos stakeholders a se posicionar de forma concreta, aberta e transparente, quanto à sua atuação e impacto em relação às práticas de ESG.
As sociedades clamam por um capitalismo mais responsável que contribua para a geração de valor para a empresa e seus acionistas por meio de:
1. Geração de negócios e receitas: adoção de um propósito fortemente relacionado a ESG, com a potencial prospecção de novos mercados e novas oportunidades de crescimento;
2. Otimização de custos e despesas: busca por maior eficiência em diversas dimensões, que podem resultar em melhor aproveitamento dos recursos, inclusive pela utilização de fontes de energia mais sustentáveis e reutilização de materiais como insumos;
3. Redução de riscos operacionais e regulatórios: revisão da proposta de valor, reduzindo os riscos regulatórios em determinados setores e investimentos em oportunidades mais sustentáveis e de menor risco relacionado a passivos ambientais e sociais, produzindo maior retomo no longo prazo;
4. Aumento de produtividade e inovação: adoção de práticas de ESG que promovam maior senso de propósito e pertencimento, gerando atração e retenção dos melhores talentos. A motivação e o engajamento tendem a aumentar a produtividade e rentabilidade, que combinadas com maior diversidade e inclusão das equipes, contribuem para fomentar a inovação e a criação de novas soluções de negócio.
Comunicar o plano de criação de valor no longo prazo e acompanhar os resultados produzidos por meio de informações claras e confiáveis, aumenta a credibilidade e engajamento da organização com seus stakeholders, potencializando seu acesso a novas fontes de financiamento, assegurando a licença social para operar e a fidelização de clientes.
O World Economic Forum divulgou recentemente um framework para elaboração e divulgação de informações relacionadas a ESG, o que representa importante avanço nessa dimensão. Entretanto, ainda há um caminho a ser percorrido.
Padronização das informações a serem medidas e divulgadas, recorrência e consistência e a necessária validação independente são ações fundamentais para dar vida ao discurso crescente das empresas que publicam sua intenção de aderir a essa pauta.
Além disso, é fundamental o foco nos temas que são relevantes e estratégicos e que venham ao encontro da crescente demanda dos stakeholders por informações assertivas sobre atuação e desempenho das organizações.
Esse conjunto de ações é que de fato confirmará a real integração das práticas em ESG ao propósito e à estratégia da empresa.
Empresas que são referência em sustentabilidade identificam e incorporam os temas relevantes relacionados a ESG em suas histórias de criação de valor de longo prazo.
Elas analisam como essas questões impactam os seus negócios, no curto e longo prazos, e as incorporam na sua estratégia e na sua declaração de propósito, integrando as no seu modelo de gestão.
Essas organizações se diferenciam na criação de valor para seus acionistas no longo prazo e são mais resilientes em períodos de crise.
Empresas que adotarem estratégias e modelos de negócios alinhadas às melhores práticas de gestão dos aspectos ambientais, sociais e de governança se diferenciarão no mercado e criarão as bases para seu crescimento e perpetuidade.
Quanto mais cedo se prepararem para enfrentar esse desafio, maiores serão as chances de sucesso.
A definição do modelo de divulgação de informações ESG exige uma avaliação criteriosa por parte das organizações. As particularidades do segmento de atuação, a localização geográfica e as demandas dos diversos stakeholders são alguns dos elementos que precisam ser considerados nessa avaliação.
Sócio e líder de Auditoria, Governança, Riscos e Compliance, PwC Brasil
Tel: 4004 8000