Metade das empresas brasileiras foi vítima de crimes econômicos nos últimos dois anos

Companhias nacionais chegaram a registrar perdas acima de US$ 50 milhões

Metade das empresas brasileiras sofreu algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos, percentual semelhante ao verificado no mundo (49%), segundo a Global Economic Crime and Fraud Survey da PwC, que ouviu mais de 7.200 entrevistados em 123 países. De acordo com a pesquisa, o investimento das organizações no combate a estes crimes também cresceu: 52% das empresas no Brasil e 42% no mundo aumentaram seu comprometimento financeiro para combate a estes delitos no último biênio. Para os próximos dois anos, 44% (global) dos entrevistados devem ampliar o combate a crimes econômicos. 

O aumento dos investimentos tem uma justificativa: os crimes econômicos têm um impacto elevado para as organizações. Dos entrevistados, 16% no mundo afirmam que as perdas financeiras diretas – considerando apenas o impacto do crime mais grave vivenciado – ficaram entre US$ 1 milhão e US$ 50 milhões e 7% dos brasileiros relataram prejuízos acima de US$ 50 milhões. Já para 66% no Brasil e 64% no mundo, essas perdas foram de até US$ 1 milhão nos últimos dois anos. Considerando os custos secundários, como investigações e intervenções, 31% das empresas brasileiras e 29% no mundo afirmam ter gasto até duas vezes mais do que perderam com o crime. 

 

Conscientização

A pesquisa mostra que há uma crescente conscientização das empresas sobre os delitos econômicos. Em 2016, apenas 12% das companhias nacionais e 36% no mundo confirmavam ter sido vítimas destes crimes.

"Não é possível dizer que o maior percentual de crimes relatados esteja diretamente relacionado a um aumento real do número de delitos cometidos. O que a pesquisa nos mostra é que há maior compreensão do que é o crime econômico e onde está ocorrendo”, explica Leonardo Lopes, sócio da PwC. “Podemos verificar isso nos crimes cibernéticos, onde há uma consciência muito maior pelas empresas dos seus impactos e da necessidade de investimento em investigações e em controles preventivos”, acrescenta.

Os níveis de relatos de criminalidade econômica contra as organizações em diferentes regiões do globo também cresceram nos últimos 24 meses: 53% ante 28% na América Latina; 54% ante 37% na América do Norte; e 62% ante 57% na África. 

Os controles corporativos foram apontados como o principal meio de detecção dos crimes. No Brasil, 59% dos participantes e 52% no mundo afirmam que os delitos econômicos mais graves foram detectados desta forma. As delações seguem em alta: 29% no Brasil e 27% no mundo afirmam que as delações ou sistemas formais de denúncia foram a fonte inicial de constatação dos crimes. 

 

Tipos de crimes 

O roubo de ativos segue na liderança como o principal crime econômico experimentado pelas organizações nos últimos dois anos, com 45% das ocorrências globais e 51% dos registros no Brasil. Na comparação com 2016, no entanto, há uma queda neste tipo de delito, quando 64% (global) e 65% (Brasil) relataram o crime. 

Os principais tipos de crimes sofridos pelas empresas nos últimos 24 meses foram: fraude em compras (34% no Brasil e 22% no mundo), suborno ou corrupção (26% no Brasil e 25% no mundo), fraude cometida pelo consumidor (24% no Brasil e 29% no mundo), crime cibernético (22% no Brasil e 31% no mundo), fraude contábil (22% no Brasil e 20% no mundo) e má conduta empresarial (19% no Brasil e 28% no mundo). 

Apesar de não encabeçar a lista de delitos, o crime cibernético continua sendo uma grave ameaça para as empresas. No Brasil, 14% dos participantes acreditam que nos próximos dois anos este será o crime de maior impacto para seus negócios. No mundo, esse percentual sobe para 26%. 

De 2016 para 2018, 22% dos participantes brasileiros e 31% dos globais foram afetados por ataques cibernéticos via malware ou phishing. O custo dos ataques: 25% no Brasil e 24% no mundo das empresas sofreram roubo de ativos e 19% no Brasil e 21% no mundo foram extorquidas via ramsonware.  

Os dados coletados pela PwC mostram ainda um aumento (13%) na participação dos atores internos nos crimes econômicos na escala global. Os crimes atribuídos à alta administração das organizações saltaram de 16% em 2016 para 24% em 2018. 

No Brasil, no entanto, a porcentagem de crimes econômicos cometidos por agentes internos permaneceu estável, variando de 58% para 59%, enquanto a participação da gerência executiva caiu de 40% para 26%.

 

Combate

Para combater crimes econômicos, muitas empresas fortaleceram seus controles internos e ampliaram programas de denúncias. A pesquisa da PwC revela que a maior parte das organizações mantém as lideranças cientes dos crimes mais graves para os negócios: 97% dos casos foram levados ao conhecimento da diretoria ou líderes de governança no Brasil, contra 91% no percentual global. 

A gestão de riscos também está no radar das companhias. No Brasil, 58% das organizações (54% das globais) disseram ter realizado algum tipo de avaliação de risco de crime econômico nos últimos dois anos e 42% afirmam ter realizado avaliações de riscos anticorrupção, percentual acima da média global, que foi de 33% neste quesito. 

 

Fiscalização

As ações regulatórias ou inspeções relacionadas à lavagem de dinheiro também registraram aumento. No mundo, 55% das empresas afirmaram ter passado por alguma ação do tipo, um aumento de 5 pontos percentuais em relação a 2016. Já no Brasil o crescimento é maior: 62% disseram ter passado por alguma ação ou inspeção nos últimos 24 meses, ante 28% em 2016. A expansão da fiscalização é observada com mais força nos países em desenvolvimento em relação aos desenvolvidos, 58% contra 49%, respectivamente.  

Os investimentos contra crimes econômicos também irão crescer nos mercados em desenvolvimento: 15% dos países devem aumentar os investimentos no combate a este tipo de delito, ante 10% das organizações nos países desenvolvidos. 


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