Por Elisa Simão*
Mesmo antes da covid-19, já era evidente uma evolução nas formas de se pagar por bens e serviços através das ferramentas digitais. Seja por Pix, QR Code ou aproximação do celular a um terminal de vendas, esta mudança, aliás, pode praticamente abolir um velho conhecido da sociedade: o dinheiro em espécie. Conforme pesquisa da PwC e da consultoria estratégica Strategy&, os volumes globais de pagamentos feitos de forma virtual deverão aumentar em mais de 80% até 2025, com as transações passando de cerca de um trilhão para quase 1,9 trilhão por ano. Até 2030, o total deve quase triplicar.
A América Latina está totalmente inserida nesta realidade, sendo a quarta região no mundo, com percentual de 52% no crescimento destas formas de pagamento. Globalmente falando, existem macrotendências que inferem neste cenário. Influenciadas por uma combinação de aspectos como preferências do consumidor, tecnologia, regulamentação e M&A, seis macrotendências tendem a definir como serão os próximos cinco anos, e é nisso que os líderes precisam focar para entender cada uma dessas tendências de modo a planejar o futuro com maior assertividade.
O Brasil, entretanto, traz algumas particularidades que podem favorecer esta mudança de cultura. O País está na vanguarda da inclusão financeira à liderança do Banco Central em iniciativas que promovem novas tecnologias de pagamento, interoperabilidade, redução de custos e concorrência aberta. Outro fator que favorece é a supremacia dos pagamentos instantâneos. O Pix, um sucesso absoluto, abriu as portas para outros métodos de pagamento just in time e via nuvem que estão em curso. Na prática, espera-se que os novos modelos impactem os meios de pagamentos tradicionais com DOC/TED, boleto bancário, cheque e cartões nos próximos cinco anos.
Os modelos simplificados de licenças bancárias recentemente regulados no Brasil também trouxeram uma nova competição ao mercado. O País observou a importante expansão das fintechs e, mais recentemente, uma elevada incursão de indústrias tradicionais, como varejistas e telecoms, na criação de empresas de serviços financeiros. Esse ambiente competitivo deve se tornar ainda mais disputado com a conclusão e o amadurecimento do Open Banking brasileiro, que é bastante abrangente, sobretudo quando comparado com outros modelos internacionais.
Além disso, vários players estão disputando participação nos pagamentos dos consumidores. Os bancos estatais lançaram carteiras digitais para pagar à população subsídios sociais e relacionados à pandemia de covid-19, além de promover descontos para seus clientes. Isso está ajudando a ampliar a adoção dos pagamentos digitais, especialmente entre pessoas sem experiência com bancos.
O futuro das formas de pagamento e bens de serviços tem espaço para diversos recursos tecnológicos tanto para uso pessoal quanto comercial. E a educação será fundamental para conciliar uma inclusão financeira digital efetiva, sob diferentes plataformas e com conteúdo ao alcance de todos. A aliança entre praticidade, acessibilidade, inclusão e segurança será fator determinante para o mercado no futuro.
* Elisa Simão é diretora da PwC Brasil
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