*Ronaldo Valiño
No início de setembro de 2021, a Engie Brasil colocou em operação as três últimas das 11 centrais eólicas de seu ativo Campo Largo II, de 361,2 MW de capacidade instalada total, após autorização da agência reguladora Aneel. Com isso, passará a ter capacidade de comercializar mais de 1.000 MW contando os Conjuntos Eólicos Campo Largo e Umburanas no estado da Bahia.
Esse é apenas um exemplo dos tantos outros investimentos recentes em eólica na região Nordeste que não pára de bater recordes de produção de energia limpa a partir dos ventos e do sol.
Por causa da grande faixa litorânea e da área tropical, essa região tem grande potencial de geração dessa atividade e detém a maioria dos parques eólicos do país. Com isso vem recebendo grande parte dos investimentos destinados ao Brasil, hoje classificado como uma potência eólica em diversos rankings mundiais. É considerado o 2º país mais atrativo mundialmente e o 1º colocado neste ranking para a América Latina e Caribe para atratividade de investimentos em energias renováveis.
O salto da capacidade instalada das usinas eólicas e solares no Brasil foi impressionante na última década. E a produção respondeu às expectativas, com crescimento de 1.7772% de 2010 a 2020, saindo de 935 MW para 17.453 no último ano.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a energia eólica, hoje, representa 10,7% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue ao fim do ano atingindo 11,2%. Em 21 de julho deste ano, o ONS identificou a marca inédita de 11.094MW médios, valor capaz de atender quase 100% da demanda da região Nordeste no dia.
Essa entrega ocorre em momento importante, em que o governo vem buscando diversas medidas para garantir o abastecimento de energia diante da grave crise hídrica nos reservatórios de hidrelétricas, principal fonte geradora do país.
Dados do ONS mostram exportação considerável para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O envio começou a ocorrer em 2020 por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN), mas ganhou destaque em 2021, em meio ao agravamento da crise hídrica.
Sem dúvida, o Brasil tem tudo para ser protagonista em energia solar e eólica no mundo, graças ao seu potencial praticamente inigualável de produção. Com o tempo, acredita-se que a eólica vai se tornar mais significativa ainda na matriz brasileira e a hidrelétrica vai reduzir o seu papel.
Mas o ideal de uma matriz é uma boa distribuição entre os recursos. É importante ter uma boa quantidade de hídrica, de eólica, de solar e de outras fontes. Essa diversificação trará segurança para o país.
Para nosso Nordeste, a autossuficiência em energia limpa e renovável e a custo baixo, pode alavancar a geração de novos negócios e crescimento do PIB regional, bem como impulsionar a formação de profissionais técnicos para atender essa nova demanda.
Produção
19 gigawatts no País, sendo que 17.5 estão no Nordeste
Investimento
US$ 187, 1 bilhões nos últimos 12 anos (dados Climatescope da BNEF)
São esperados mais de R$ 100 bilhões nos próximos 10 anos, representando 28% de todo o investimento no setor elétrico nesse período.
Geração de empregos
200 mil novos empregos diretos e indiretos até 2026 (dados ABDI)
Para cada novo megawatt instalado, 15 empregos diretos e indiretos são criados (Dados ABEEólica)
Geração de rendas
Além de empregos, os arrendamentos de terra geram renda às famílias. A renda pode chegar a R$ 2 mil mensal, por cada aerogerador, por 20 anos.
Impacto no Índice de Desenvolvimento Humano
As regiões que receberam os parques eólicos tiveram um aumento do IDH da ordem de 20% e um aumento do PIB da ordem de 21%, só pela chegada dos parques eólicos.
Dados divulgados pela ABEEólica e Bloomberg New Energy Finance (BNEF)
*Ronaldo Valiño é sócio e líder para indústria de Energia e serviços de utilidade pública da PwC Brasil