A pressão sobre as cadeias de suprimentos atingiu níveis talvez nunca vistos. Elas sempre foram fundamentais, mas seu papel costumava ficar em segundo plano. A pandemia da covid-19 e a disrupção que ela causou mudaram isso, revelando a importância das cadeias de suprimentos para um público muito mais amplo. Hoje, as empresas estão trabalhando para melhorar a resiliência, aumentar a eficiência e manter suas entregas aos clientes.
A pandemia também acelerou a necessidade de atualizar e melhorar as cadeias de suprimentos para operar em um mundo cada vez mais digital. Enquanto as empresas enfrentam os efeitos de pressões inflacionárias, economia volátil, crescente incerteza geopolítica e pandemia persistente, nossa Pesquisa sobre Tendências Digitais na Cadeia de Suprimento 2022 mostra que ainda há muitos desafios para conseguir otimizar totalmente essas estruturas.
Os 244 líderes de operações e tecnologia da informação, executivos da alta administração e outros executivos da cadeia de suprimentos que participaram da pesquisa estão claramente sobrecarregados com o gerenciamento das perturbações atuais. Mas, por mais importante que seja vencer as batalhas do dia a dia, as empresas também precisam aproveitar as oportunidades reveladas em nossa pesquisa, pois elas podem ajudar a melhorar suas chances de sucesso a longo prazo.
Aumentar a capacidade de resposta e resiliência
Transformar as práticas de compras e o modelo operacional
Aumentar a diversidade e segmentar os fornecedores
Aumentar a eficiência e gerenciar ou reduzir custos nas operações da cadeia de suprimentos lideram de longe a lista de prioridades nos próximos 12 a 18 meses. Uma maioria expressiva dos entrevistados põe essas duas ações entre suas principais prioridades.
Elas também aparecem como prioridade número 1 com muito mais frequência do que todas as outras opções. Por exemplo, a gestão de custos foi cinco vezes mais escolhida do que o upskilling digital, sete vezes mais do que aumentar a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa e nove vezes mais do que a digitização e automação da produção.
Isso sugere que muitas empresas estão se concentrando no resultado de curto prazo, mas ainda precisam dar um foco maior a algumas dessas ações potencialmente transformadoras.
Como prova da disrupção contínua, a maioria dos entrevistados da pesquisa afirmou que muitos atributos de suas cadeias de suprimentos e fornecedores ofereciam risco moderado ou grande para suas empresas. “Obtenção de matérias-primas” e “questões operacionais de fornecedores” encabeçaram a lista, mas outros itens também preocupam.
A resposta geral aos riscos mostra uma dificuldade em tratar questões importantes da cadeia de suprimentos como prioridades. Muitas empresas mantêm uma postura defensiva e ainda não estão inclinadas a adotar ações como aumentar a diversidade de fornecedores e transformar as práticas de compras.
As restrições orçamentárias aparecem como maior obstáculo à digitização das cadeias de suprimentos. Quase metade dos entrevistados classificou essa questão entre os três principais desafios. Mas, além da falta de dinheiro, a digitização levanta problemas relacionados a talento e tecnologia, indicando que há espaço para melhorias em ambas as frentes.
Três em cada dez entrevistados citaram como um dos três principais desafios a dificuldade de fazer com que funcionários e equipes trabalharem de forma diferente, enquanto quase um quarto apontou dificuldades em encontrar o talento “nativo digital” necessário para transformar as cadeias de suprimentos. Do ponto de vista da tecnologia, a falta de compreensão dos recursos técnicos e de negócios e as deficiências de software e hardware com capacidades analíticas e de processos também foram apontados como principais desafios.
Os dados têm um papel cada vez mais importante nas operações da cadeia de suprimentos, mas as empresas, em geral, não relatam grandes desafios com seus sistemas. Os problemas relacionados a dados que surgiram não estavam restritos a apenas uma área. Foram apontados problemas com gerenciamento de dados, qualidade de dados, aquisição de dados, manipulação manual de dados, entre outras ocorrências.
A adoção de tecnologia emergente nas operações da cadeia de suprimentos varia muito, sendo que a nuvem supera outras tecnologias de maneira geral. A nuvem também lidera em investimentos planejados: mais de um terço dos entrevistados diz que suas empresas planejam investir pelo menos US$ 1 milhão.
Tecnologias como análise de terceiros, varredura e captura inteligente de dados, identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês) e internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) são competitivas em níveis mais baixos de investimento.
Embora os investimentos em tecnologia da cadeia de suprimentos tenham trazido benefícios, quatro em cada cinco entrevistados disseram que eles não produziram totalmente os resultados esperados.
Esse é um sinal claro de que é possível conquistar mais ganhos – seja em eficiência, produtividade ou experiência do cliente. Não obter as capacidades esperadas e precisar de mais tempo para implementar a tecnologia foram os principais obstáculos para alcançar totalmente os resultados, mas outros motivos também foram citados por vários entrevistados.
A maioria das empresas relatou estar satisfeita com os talentos que atuam em suas operações de cadeia de suprimentos e seu investimento em habilidades digitais. Mas, como ocorre com outros setores da força de trabalho, há mais rotatividade de funcionários nas operações da cadeia de suprimentos do que antes.
Esse fato se alinha com nossa recente pesquisa Pulse, na qual 44% dos diretores de operações e outros líderes de operações disseram que a escassez de trabalhadores e a rotatividade de funcionários seriam um dos maiores desafios operacionais em 2022.
Além disso, menos de dois terços dos entrevistados disseram ter as habilidades digitais necessárias em suas equipes de cadeia de suprimentos para atingir metas futuras. Metade afirmou antecipar a necessidade de forte treinamento e aprimoramento de habilidades digitais e dois em cada cinco entrevistados disseram que suas empresas precisarão contratar mais funcionários.
Quanto às mudanças nos sistemas operacionais, uma maioria expressiva das empresas – cerca de 65% a 70% em diferentes áreas da cadeia de suprimentos – afirma que elas não estão dando resultado. E é muito mais provável que as mudanças se restrinjam a atualizações em vez de substituição de sistemas existentes.
À medida que o ESG se torna mais fundamental nas estratégias das empresas, as equipes da cadeia de suprimentos atribuem diferentes níveis de desafio para algumas funções.
O conhecimento de questões legislativas e regulatórias e a identificação de riscos ESG de fornecedores foram classificados como os principais desafios. Isso sugere que muitas empresas ainda estão na defensiva, o que é corroborado pelo fato de que uma grande maioria de entrevistados considera as questões ESG um desafio menor ou sequer acha que são um desafio.
Para alguns entrevistados, questões ESG que não são um desafio hoje se tornarão nos próximos anos. Mas a falta de priorização em relação a determinadas iniciativas, como abordar grupos de stakeholders nos relatórios ESG, priorizar a diversidade racial e étnica de fornecedores e decidir sobre uma estrutura ESG e métricas-chave, pode deixar essas empresas a reboque de concorrentes mais proativos em matéria de propósito e sustentabilidade.
A pesquisa sobre Tendências Digitais na Cadeia de Suprimentos da PwC, realizada de novembro de 2021 a janeiro de 2022, entrevistou 244 líderes de operações e tecnologia da informação, executivos da alta administração e outros executivos da cadeia de suprimentos de empresas pertencentes a setores em que a cadeia de suprimentos tem grande relevância, para avaliar como eles estão abordando modelos operacionais de gestão da cadeia de suprimentos, incluindo o uso de tecnologias empresariais e emergentes. Os setores pesquisados foram: aeroespacial, automotivo, produtos químicos e outros produtos industriais e manufaturados; mercados consumidores e varejo; energia, serviços de utilidade pública e mineração; farmacêutico e biociências; e tecnologia, mídia e telecomunicações.