Metas claras e execução cuidadosa podem ajudar as seguradoras a enfrentar desafios complexos
O mercado de seguros está sob pressão, enfrentando e monitorando riscos sociais, tecnológicos, ambientais, econômicos e geopolíticos que há 20 anos pareciam abstratos ou improváveis, mas se tornaram mais severos e agudos, afetando a natureza dos negócios.
Os modelos empresariais e operacionais estabelecidos não acompanharam o ritmo dessas mudanças. Por causa da urgência dos riscos, as seguradoras precisam responder de forma ágil. Dessa forma, suas decisões operacionais e estratégicas de curto prazo desempenharão um papel essencial na determinação de sua sustentabilidade no longo prazo.
A maioria das operadoras prefere mudanças incrementais. Isso significa que as operações se mantêm por enquanto, mas seu sucesso futuro depende de uma reinvenção completa. Independentemente do segmento de atuação, esse cenário exige colocar os clientes – e não produtos, canais e países – no “centro de tudo”, em seus momentos-chave de vida, construindo a satisfação e a confiança como motores de um crescimento com lucratividade.
Na prática, as principais seguradoras diminuirão os riscos tradicionais de cobertura e oferecerão soluções de maior valor ao buscarem ativamente a redução e a prevenção de riscos – por exemplo, trabalhando com parceiros e outros stakeholders para desenvolver soluções climáticas que mitiguem ameaças existenciais à propriedade e à saúde humana.
Como sempre fizeram, as seguradoras continuarão a usar as grandes transações corporativas para apoiar sua estratégia. Portanto, os responsáveis por essas negociações precisarão ter um planejamento cuidadoso para alcançar os benefícios de desinvestimentos pretendidos em negócios não essenciais.
“Instabilidade social, disrupção tecnológica, transformações demográficas e mudanças climáticas formam o que chamamos de multiverso de riscos. Neste cenário fragmentado, as seguradoras precisam cobrir uma gama mais ampla e frequente de ameaças cada vez mais intensas. É essencial que as organizações reinventem suas operações e se preparem para enxergar os riscos antes que eles se tornem, de fato, um problema.”
A verdadeira centralidade no cliente se baseia em compreensão, engajamento e aconselhamento para que as seguradoras possam monitorar riscos em tempo real e prevenir eventos de sinistros, com os clientes pagando principalmente pela prevenção.
Nossa expectativa é que as seguradoras mais visionárias revisem seus modelos de negócios e operacionais de acordo com essa estratégia. Isso inclui fazer mudanças apropriadas na cultura corporativa, aprimorar recursos humanos e tecnológicos e expandir o envolvimento em parcerias.
Estamos falando de uma transformação abrangente que, se feita de forma correta, pode não só impulsionar o crescimento com lucratividade, mas também reduzir as taxas de sinistros, gerar novas fontes de receita, melhorar a imagem da empresa e criar uma lealdade mais forte à marca.
Para expandir o alcance de mercado das seguradoras e atender às necessidades dos clientes no ponto de venda, os Chief Marketing Officers (CMOs) e Chief Technology Officer (CTOs) terão de coordenar uma poderosa rede de parceiros, abrangendo acordos de seguros integrados e ecossistemas de ofertas em parceria.
À medida que buscam focar mais no cliente para reinventar seus negócios, as seguradoras migram para sistemas baseados em nuvem para viabilizar suas estratégias. No entanto, elas não devem encarar essas transformações como um fim em si mesmo. Seu verdadeiro propósito deve ser, em vez disso, facilitar a integração interna e externa, acelerar o tempo de lançamento no mercado e fazer com que o departamento de TI vire um motor estratégico – não apenas uma função de manutenção.
Quando é genuinamente orientada pela tecnologia, a empresa extrai valor de seus investimentos em tecnologia ao ser capaz de se moldar rapidamente à inovação, permitindo ganhos de escala efetivos e reduzindo custos. Isso é especialmente importante para permitir que funções que dependem fortemente de novas tecnologias – especialmente da IA generativa – sejam eficazes.
Os Chief Information Officers (CIOs) precisam enfatizar aos seus pares executivos e às unidades de negócios que as ofertas digitais são tão boas quanto as bases de dados subjacentes.
Para os executivos da área de impostos, uma abordagem habilitada por uma tecnologia que tenha os dados como prioridade ajudará a aprimorar a estratégia, o compliance e a confiança dos stakeholders.
As seguradoras precisam urgentemente ajudar a sociedade a lidar com riscos climáticos cada vez mais intensos e severos que afetam as propriedades e a saúde humana. Isso não é, de forma alguma, altruísmo puro: os riscos climáticos representam uma ameaça significativa à indústria de seguros.
Nossa expectativa é que as seguradoras mais proativas aproveitem os próximos anos para desenvolver e contribuir com soluções práticas que ajudem a fechar lacunas de cobertura de seguros pessoais e comerciais, fazer sua contribuição para a conquista da neutralidade de carbono e impulsionar seus negócios.
Já existem algumas soluções práticas:
O desafio das seguradoras é escalar rapidamente essas práticas e tecnologias, incentivando-as com maior potencial de impacto.
Os diretores executivos de sustentabilidade e os CMOs deveriam desenvolver novos produtos e serviços que facilitem o crescimento de baixo carbono, como:
Muitas seguradoras estão se concentrando intensamente em seus core businesses e reduzindo o custo de manter a subscrição interna e as redes de distribuição internas e cativas. Em resposta, os investidores e gestores de ativos que buscam fluxos de caixa confiáveis e economias de escala continuam a adquirir e consolidar corretoras, agências e agentes gerais administrativos/subscritores (MGAs/MGUs).
As empresas resultantes desses processos, maiores e em menor número, estão ganhando poder de negociação de preço e produto em relação às seguradoras. Esperamos que uma das maneiras pelas quais as seguradoras de linhas pessoais responderão será desintermediando ainda mais a parte inferior do mercado por meio de canais diretos habilitados por IA, com o objetivo final de automatizar a subscrição e as vendas básicas de produtos.
Além disso, alguns investidores e gestores de ativos estão descobrindo que planejar de modo insuficiente pode comprometer os potenciais benefícios do desinvestimento de negócios não essenciais.
Para evitar armadilhas e reconhecer o custo real por segmento e linha de produto, é importante escalar de forma efetiva e proativa os modelos centralizados de distribuição e de serviços compartilhados.
Sócio e líder de Serviços Financeiros, Bancos e Mercados de Capitais, PwC Brasil
Tel: 4004 8000