Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024

Crescimento movido a flexibilidade e resiliência

Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024
  • Julho 05, 2024

As fintechs de crédito no Brasil demonstraram resiliência e capacidade de adaptação notáveis em 2023. É o que revela a quarta edição da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital, realizada pela PwC e a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD). Esse movimento é a continuação de uma tendência observada na edição anterior da pesquisa.

Apesar dos desafios de um ambiente financeiro ainda volátil, as fintechs de crédito no Brasil não apenas sustentaram seu crescimento, mas também expandiram significativamente sua atuação. O aumento de 52% no volume de crédito, que alcançou R$ 21,1 bilhões, reflete a confiança crescente dos consumidores nos serviços financeiros digitais.

As fintechs consolidaram suas operações e ampliaram suas equipes e faturamento, fortalecendo sua posição em um mercado cada vez mais competitivo. A grande expansão da base de clientes, com destaque para o Nordeste, indica uma progressiva descentralização da atuação dessas empresas, para se adaptar às demandas do mercado interno. 

Com 53% das fintechs planejando investir em inteligência artificial nos próximos dois anos, essa tecnologia permanece central na estratégia do segmento. O foco agora, porém, é em melhorar o relacionamento com o cliente, explorando os recursos da IA generativa.

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foi o aumento do volume de crédito concedido pelas fintechs – que alcançou R$ 21,1 bilhões em 2023.

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das empresas estão agora consolidadas, com faturamento anual ou investimento total acima de R$ 20 milhões – um aumento de dez pontos percentuais desde 2022.

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das fintechs têm mais de 150 funcionários, um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior.

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é o percentual de crescimento do número de clientes pessoa física – que chegou a 46,7 milhões no Brasil e cerca de 7 milhões no exterior.

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dos entrevistados mencionam a IA como aposta tecnológica para os próximos dois anos. O foco agora é a inteligência artificial generativa.

Um setor mais robusto e estável

Expansão acelerada do volume de crédito. As fintechs de crédito digital mostraram uma forte recuperação em 2023, depois de uma desaceleração do crescimento no ano anterior. O volume de crédito concedido aumentou 52%, alcançando R$ 21,1 bilhões. Esse resultado destaca a resiliência e a capacidade de adaptação das empresas, mesmo em um contexto econômico adverso, marcado pela alta taxa básica de juros. A estratégia de crescimento se apoiou mais no crescimento orgânico, com uma contribuição estável do lançamento de produtos ao longo dos anos.

Equipes cada vez maiores. Em 2023, nossa pesquisa detectou um amadurecimento das fintechs de crédito digital, com mais empresas ampliando suas equipes para além de 300 funcionários e na faixa intermediária de 21 a 50. Além disso, registramos uma redução na proporção de empresas menores, com até 20 funcionários.

Consolidação crescente. De 2022 para 2023, a proporção de fintechs consolidadas (com faturamento ou investimento acima de R$ 20 milhões) cresceu dez pontos percentuais, representando agora 58% das empresas estudadas. 

Atuação mista para PF e PJ se expande. O percentual de empresas que ofertam soluções tanto para clientes pessoa física (PF) quanto pessoa jurídica (PJ) voltou a crescer em 2023, com um incremento de 17 pontos percentuais em relação a 2022.

Cresce parcela de fintechs com autorização do Bacen para operar. Quase metade das fintechs pesquisadas (46%) já têm a licença do Banco Central do Brasil para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD) ou Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), em comparação com apenas 11% em 2019. Além disso, 8% estão aguardando a liberação de licenças já solicitadas. 

Modelo de operação se diversifica. Embora os correspondentes bancários digitais e as SCDs continuem sendo os principais modelos adotados pelas fintechs, há uma tendência clara de diversificação e crescimento em outros modelos como as instituições de pagamentos, as SEPs e as Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFIs). Esse padrão indica uma evolução no mercado para atender às demandas variadas de consumidores e empresas.

Ampliação do uso de garantias. Houve um aumento expressivo na disposição das empresas em aceitar uma gama mais ampla e diversificada de garantias. O movimento pode ser visto como uma estratégia para mitigar riscos, atrair uma base maior de clientes e competir de modo mais eficaz no mercado financeiro.

Base de clientes pessoa física quase duplica

No Brasil, a base de clientes pessoa física das fintechs saltou de 25,6 milhões em 2022 para 46,7 milhões em 2023, um aumento de 82%. No exterior, o crescimento no mesmo período foi de 58%.

A pesquisa também mostra uma diversificação geográfica maior dos clientes pessoa física em 2023. Apesar de 74% das fintechs estarem sediadas no estado de São Paulo, observa-se ao longo dos anos uma quantidade crescente de clientes localizados no Nordeste, ultrapassando 17,5 milhões de pessoas.

Expansão dos produtos de crédito. As fintechs ampliaram e diversificaram a oferta de produtos de crédito em 2023, capitalizando a recuperação econômica pós-pandemia para expandir suas operações e alcançar novos segmentos de mercado. A aposta no crédito pessoal não consignado e em cartões de crédito em 2023 demonstra um apetite maior por riscos, mitigado, no entanto, por uma estratégia de diversificação para equilibrar opções mais arriscadas com outras mais seguras, como o crédito consignado para beneficiários do INSS.

Juros cobrados da pessoa física. A redução nos juros cobrados em sete categorias de crédito para a pessoa física destaca a adaptação das fintechs ao ambiente econômico, marcado pela queda gradativa da taxa básica de juros da economia, a Selic, em 2023. Esse cenário permitiu às empresas oferecer melhores condições de crédito e expandir suas operações. Apesar do cartão de crédito rotativo das fintechs apresentar juros de 242,4% ao ano, isso ainda é substancialmente inferior à média nacional de 440,8% ao ano divulgada pelo Banco Central do Brasil (BC).

Inadimplência. Nossa pesquisa revela uma redução na taxa de inadimplência em várias categorias de produtos ao longo dos anos. Em paralelo, houve um aumento significativo na inadimplência do cartão de crédito rotativo, o que destaca os desafios enfrentados em gerenciar o risco nessa categoria de produto.

Apoio às pequenas e médias empresas

No total 62% das fintechs pesquisadas atendem pessoas jurídicas, exclusivamente ou não. A elevação na oferta de crédito rural e capital de giro de longo prazo demonstra um foco específico das fintechs em apoiar setores que requerem investimentos substanciais e de longa duração. A relativa estabilidade na oferta de desconto de duplicatas e recebíveis indica que essa forma tradicional de financiamento ainda é uma ferramenta vital para a gestão de fluxo de caixa empresarial.

Clientes corporativos mais maduros. Nossa pesquisa indica uma transformação na base de clientes PJ das fintechs de crédito, com uma movimentação ascendente no porte das empresas. Essa tendência sugere que as fintechs estão alcançando sucesso em apoiar o crescimento empresarial, especialmente ao facilitar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas, que representam uma parcela crescente de seus clientes. Esse cenário também mostra que as fintechs estão conseguindo adaptar seus produtos e serviços às necessidades de uma gama mais ampla de negócios.

Juros cobrados da pessoa jurídica. A pesquisa registrou uma redução nas taxas de juros para créditos com e sem garantia entre 2020 e 2023. Essa tendência sugere uma adaptação progressiva das fintechs ao ambiente de mercado, além da influência da política monetária de corte gradual da taxa Selic.

Inadimplência. Em 2023, as fintechs conseguiram melhorar a gestão de crédito e reduzir a inadimplência nas principais categorias de produtos e serviços para PJ. A inadimplência média nas carteiras PJ das fintechs (3,9%) está próxima da média geral informada pelo Banco Central (3,5%), o que indica um desempenho sólido das fintechs nesse aspecto.

Os desafios da competitividade

As fintechs adotaram várias ações estratégicas para melhorar a performance e manter a competitividade. Houve um foco claro na melhoria das condições e processos de crédito, conforme indicado pelo aumento na revisão de taxas, limites e prazos. 

A revisão do apetite ao risco e a estabilidade na adaptação dos modelos de concessão de crédito também indicam que o setor está se esforçando para manter a robustez e a competitividade, enquanto o desenvolvimento de novos produtos mostra uma tendência à inovação, ainda que com uma leve redução em comparação ao ano anterior.

Flexibilidade na captação de recursos. As fintechs enfrentaram desafios para atrair investimentos externos em 2023, devido a um ambiente de mercado volátil e ao aumento nos custos de capital. Diante dessas dificuldades observou-se uma adaptação nas estratégias de captação de recursos, com uma diversificação nas fontes de financiamento. Houve um crescimento do uso de capital próprio, explicado parcialmente pelo aumento na concessão de licenças de operação pelo BC, que exige aportes significativos por parte das empresas. A mudança de estratégias incluiu também um aumento no uso de debêntures e certificados de recebíveis como forma de reduzir a dependência de capital externo.

Um novo foco para a inteligência artificial. As fintechs já fazem uso da inteligência artificial (IA) para modelagem e avaliação de crédito, buscando determinar adequadamente a elegibilidade do consumidor ao crédito e as taxas mais adequadas a serem cobradas. Com o surgimento da IA generativa, porém, há um foco crescente na automação de processos, especialmente em funções voltadas ao atendimento ao consumidor, o que pode melhorar significativamente a produtividade e transformar a interação entre empresas e clientes, permitindo que robôs respondam de forma contextualizada às dúvidas dos usuários.

Inovações financeiras. O Drex (moeda digital do Banco Central) e as soluções de interoperabilidade devem desempenhar um papel crucial na redução de barreiras no mercado financeiro, nivelando o campo de atuação para novos entrantes e aumentando a competitividade.  

Crescimento movido a flexibilidade e resiliência – Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024

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