Em nossa última pesquisa com investidores, indicamos como a incerteza econômica, a turbulência política e as preocupações ambientais e sociais estão afetando as decisões de hoje e apresentamos insights sobre como esse cenário pode se desenrolar.
O estudo sondou os investidores sobre a questão crítica da sustentabilidade, observando como o cenário atual afeta suas prioridades, decisões e estratégias, além de suas opiniões sobre como as empresas estão respondendo a esses desafios.
Realizada com 227 investidores e analistas em 43 territórios, a pesquisa mostra que os investidores veem a sustentabilidade como uma prioridade para as empresas – o que exige disciplina financeira e maior transparência – e aponta ações que os líderes empresariais podem realizar para orientar suas iniciativas ESG.
Os investidores querem que as empresas mantenham um foco nítido na inovação e no desempenho financeiro, classificados como suas duas maiores prioridades para os negócios, à frente das emissões de gases de efeito estufa. Eles também veem espaço para as empresas se tornarem mais eficazes tanto na gestão das mudanças climáticas e da inovação quanto na divulgação desses esforços.
Sete em cada dez investidores no mundo dizem que as empresas devem relatar a relevância da sustentabilidade para a estratégia, o custo de cumprir os compromissos de sustentabilidade (incluindo metas climáticas) e os efeitos que os riscos e oportunidades de sustentabilidade têm sobre as premissas das demonstrações financeiras. Também é crucial aumentar a confiabilidade das informações relatadas.
No total, 91% dos brasileiros suspeitam que as divulgações corporativas contenham algum greenwashing (87% no mundo). A verificação externa, dizem muitos, aumentaria sua confiança nos relatórios de sustentabilidade.
No Brasil, os investidores dizem que a prioridade máxima dos negócios deve ser o desenvolvimento de produtos, serviços e formas de operar inovadoras (90%). Em segundo lugar, está a necessidade de manter um desempenho financeiro lucrativo (73%).
Os resultados ESG também aparecem entre as prioridades dos investidores para os negócios: governança corporativa eficaz está em terceiro lugar (54%), segurança e privacidade de dados ocupam o quarto (53%), e a redução das emissões de gases de efeito estufa (41%) completa os cinco primeiros.
A inovação – a prioridade número um dos investidores – pode ajudar as empresas a controlar os riscos cibernéticos e climáticos e até mesmo abrir novas oportunidades de mercado para os que se movem rapidamente.
Os investidores relataram algumas deficiências relevantes na eficácia dos negócios em duas frentes: geração de resultados importantes para os investidores e relatórios sobre esses esforços.
Para três dos cinco principais resultados que os investidores brasileiros desejam que as empresas apresentem, a eficácia da ação comercial corresponde ao nível de prioridade: buscar desempenho financeiro lucrativo (78%), garantir a governança corporativa eficaz (50%) e assegurar a segurança e a privacidade de dados (44%).
Os investidores também veem um grande gap de eficácia nos relatórios corporativos. Enquanto os relatórios sobre desempenho financeiro e governança corporativa são percebidos como eficazes em relação aos seus respectivos níveis de prioridade, o mesmo não acontece com as informações relatadas sobre inovação, segurança de dados e emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil, 74% dos investidores dizem que o gerenciamento de riscos regulatórios é um fator importante para incluir a sustentabilidade em suas decisões de investimento – abaixo apenas das demandas dos clientes de que seus portfólios tenham um enfoque ESG (83%). No entanto, muitos dos entrevistados também veem ações governamentais direcionadas como uma forma de encorajar ações corporativas em sustentabilidade.
No Brasil, sete em cada dez investidores concordam que as empresas devem ter iniciativas para reduzir as emissões e devem desenvolver produtos e processos que sejam ecológicos. Esse resultado é o mesmo em nível global.
Uma proporção semelhante de investidores brasileiros diz que é importante que as empresas informem a relevância da sustentabilidade para o modelo de negócios da empresa (65%) e os custos dos compromissos de sustentabilidade (68%).
Como parte da pressão pela disciplina financeira, os investidores buscam maior transparência sobre o impacto econômico dos planos de sustentabilidade das empresas. Dois terços dos investidores (68% no Brasil) dizem que gostariam que as empresas divulgassem o valor monetário dos efeitos de suas ações sobre o meio ambiente e a sociedade, embora não exista uma metodologia acordada para fazê-lo.
Os investidores valorizam menos as divulgações de sustentabilidade da empresa do que outras informações disponíveis para eles. Isso indica uma falta de confiança mais generalizada no que as empresas relatam sobre as metas e o progresso da sustentabilidade. Nossos entrevistados apontaram a asseguração como forma de aumentar sua confiança.
Globalmente, três quartos dos entrevistados dizem que sua confiança nos relatórios de sustentabilidade seria muito incentivada se esses documentos fossem assegurados no mesmo nível das demonstrações financeiras corporativas (ou seja, asseguração razoável).
Para orientar as iniciativas imediatas dos executivos e ajudar a atender às demandas dos investidores, sugerimos algumas ações:
A sustentabilidade deve ser incorporada à estratégia de negócios e aos processos de tomada de decisões sobre alocação de capital, investimento e outras atividades envolvidas na execução estratégica. Em nossa experiência, esses esforços de integração são mais bem-sucedidos quando as empresas começam com um conjunto de metas de sustentabilidade. A partir daí, elas podem buscar novas formas de competir, avaliar as capacidades organizacionais necessárias e definir um cronograma de ações.
As ameaças dos distúrbios climáticos às operações, à infraestrutura e às cadeias de suprimentos estão crescendo. O mesmo acontece com os riscos decorrentes de mudanças sociais que alteram a demanda e os sistemas de energia. Portanto, não surpreende que os investidores queiram que as empresas demonstrem como suas estratégias mitigam riscos, protegem e até aumentam o valor da empresa. Para isso, empresas de ponta estão refinando a identificação e a medição do risco climático e de questões ambientais relacionadas. Eles começam com as exposições a riscos,separando-os em classes distintas.
As empresas devem enfatizar nos relatórios o que é mais importante para seus stakeholders sobre os esforços para incorporar a sustentabilidade em sua estratégia e operações. Novos padrões de relatórios de sustentabilidade em desenvolvimento podem aumentar a clareza, consistência e comparabilidade das informações. Elas também devem se esforçar para reduzir o risco de greenwashing incorporando sistemas, controles e supervisão eficazes em seu processo de elaboração do relatório para torná-lo preciso e confiável. A asseguração realizada por profissionais independentes especializados no emprego de ceticismo profissional também pode aumentar o grau de confiança.
Sócio e líder de Serviços Financeiros, Bancos e Mercados de Capitais, PwC Brasil
Tel: 4004 8000