As fintechs brasileiras estão direcionando suas prioridades estratégicas para o crescimento financeiro sustentável. Ao priorizar a rentabilidade, elas adotam uma abordagem resiliente para atravessar o atual período de incertezas e se posicionar para o sucesso no longo prazo.
Para isso, estão adaptando sua oferta de produtos a nichos de mercado, aprimorando seus modelos de negócios para garantir um fluxo constante de renda, com base na exploração de segmentos de clientes corporativos mais rentáveis, e apostando menos na abertura de capital.
Crédito (17%) e meios de pagamento (16%) continuam sendo os principais segmentos de atuação das fintechs, mas agora seguidos de gestão financeira (14%), em vez de bancos digitais.
É o que mostra a quinta edição da Pesquisa Fintech Deep Dive, realizada pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e pela PwC Brasil.
52% mencionam a crise econômica/política como principal obstáculo à captação de investimentos.
7% é o percentual de empresas sem faturamento, a menor proporção registrada nas cinco edições da pesquisa (chegou a 38% em 2020).
19% das empresas tiveram crescimento zero ou negativo (21% em 2021).
43% das fintechs participantes atingiram o break-even, nível máximo registrado nas cinco edições da pesquisa.
56% das empresas estão voltadas apenas para o segmento B2B (soluções para empresas), que é mais rentável. O foco exclusivo em B2C (soluções para o consumidor final) caiu de 10% para 6%.
21% pretendem manter a empresa com capital fechado (13% em 2022).
A maior aversão dos investidores ao risco aumentou a seletividade na concessão de financiamento, com investimentos mais conservadores e custos de empréstimo mais altos. Mesmo nesse cenário, o segmento de fintechs parece ter sido menos afetado que as startups de modo geral pela escassez de investimentos:
A explicação para o fenômeno pode estar no fato de que as fintechs são vistas como mais resilientes a crises econômicas do que outros tipos de startups, já que podem contar com um mercado muito amplo a ser explorado e têm mais capacidade de alcançar economias de escala.
A maior parte das empresas está em início de operação, mas o grupo de fintechs em fase de expansão ou consolidação aumentou de 31% para 44%, o que revela um amadurecimento do setor.
Mais da metade das fintechs da pesquisa atua ou pretende atuar internacionalmente. Além disso, 29% têm holding no exterior.
Para melhorar suas perspectivas de futuro, as fintechs estão apostando em nichos de mercado mais rentáveis, como os serviços business-to-business (B2B): essa fatia de clientes disparou 16 pontos percentuais de um ano para outro.
Há também um foco maior nas pequenas ou médias empresas (PMEs), que enfrentam desafios principalmente de custos para acessar os serviços oferecidos pelas grandes instituições financeiras.
Aumento de receita. A maioria das empresas participantes da pesquisa (55%) espera mais que dobrar sua receita em 2023. Embora bastante positivo, o resultado está abaixo dos 65% registrados na edição anterior do relatório.
Escala e investimentos. Ganhar escala e obter investimentos são as maiores preocupações e isso se percebe com mais intensidade entre as fintechs de crédito do que as de meios de pagamento.
Problemas que as fintechs resolvem. Oferecer uma experiência diferenciada para o cliente passou a ser o principal problema que as fintechs querem resolver. Aumentar a eficiência das operações para clientes B2B aparece pela primeira vez na pesquisa e já na terceira colocação.
Maiores barreiras na jornada do cliente. Para as fintechs de crédito e pagamentos, os clientes enfrentam mais dificuldades quando tentam resolver um problema; para o setor de investimentos, a principal barreira está em obter assessoria ou recomendações; para o segmento de seguros, cancelar o produto é o que gera mais problemas.
Inteligência artificial. Menos de um terço das fintechs domina o uso da inteligência artificial, apesar do potencial que essa tecnologia oferece em termos de automação de tarefas, análise avançada de dados, detecção de fraudes e personalização da experiência do cliente.
De olho nas criptomoedas. Em um ano, o percentual de empresas que dizem atuar no segmento de criptoativos aumentou de 5% para 10%. Quase um terço das fintechs está desenvolvendo soluções com foco nesse tema.
Busca de apoio à inovação. As fintechs pesquisadas recorrem pouco a programas de aceleração e sandbox regulatório para se desenvolver. Embora mais da metade participe (55%) de algum ecossistema de inovação, poucas exploram incentivos fiscais oferecidos pelo governo para inovação tecnológica ou têm patentes registradas.
Willer Marcondes
Sócio Strategy& Brasil e líder de estratégia para Serviços Financeiros, PwC Brasil
Sócio e líder de Serviços Financeiros, Bancos e Mercados de Capitais, PwC Brasil
Tel: 4004 8000
Sócio Strategy& Brasil e líder de estratégia para Serviços Financeiros, PwC Brasil
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