No auge da crise causada pela pandemia de covid-19, em 2020, o percentual de empresas sem faturamento em nossa amostra quase dobrou. No ano seguinte, essa fatia recuou de 38% para 14%. Ao mesmo tempo, a parcela de fintechs com o nível mais baixo de receitas (até R$ 350 mil) mais que dobrou (de 15% para 31%).
Nos segmentos com faturamento mais alto, embora o impacto da crise também tenha sido sentido em 2020, percebemos que se manteve a tendência observada desde 2017 de aumento da fatia de empresas com receitas acima de R$ 5 milhões.
Com olhos mais voltados para o segmento de pessoas jurídicas, sobretudo pequenas e médias empresas, as fintechs dizem encontrar dificuldades para atrair talentos, alcançar escala e reconhecimento de marca, obter investimentos e gerar receitas.
Quem é o cliente das fintechs da nossa amostra:
Os principais segmentos de atuação das fintechs permanecem quase inalterados em relação à edição anterior, com exceção de bancos digitais, categoria que avançou claramente para o terceiro lugar na preferência das empresas, ultrapassando as soluções de gestão financeira.
O alto percentual de empresas que financiam suas próprias operações é reflexo da crise econômica desencadeada pela pandemia e por questões geopolíticas – o que secou as fontes de capital para as startups – mas também pode ser resultado de iniciativas de empresas estabelecidas, que estão decidindo abrir suas próprias fintechs – bancos digitais, por exemplo – para facilitar seus negócios.
“Esse segmento, de fato, se consolidou. Não vemos o boom de novas empresas que tínhamos há cinco anos. As fintechs que conseguiram andar sozinhas, competir de igual para igual com os incumbentes, muitas vezes o fizeram apoiadas apenas em uma base de clientes grande, mas ainda sem registrar lucro. Todas têm em comum o pioneirismo de entrar em um mercado subatendido usando a receita certa. Hoje, no entanto, os espaços estão ocupados, até mesmo pelas fintechs, e o desafio é crescer e gerar rentabilidade em um cenário de escassez de capital para investimentos.”