Na corrida pela evolução energética, o Brasil cria vantagem competitiva pela sua diversidade em fontes renováveis, além de destravar oportunidades no mercado de trabalho, com a proliferação dos empregos verdes. Na outra ponta, o país enfrenta desafios que impactam milhões de cidadãos a título global: a pobreza energética e a degradação ambiental. A dualidade entre a busca por energia sustentável e a equidade social revela o quanto é necessária uma integração mais firme entre a sustentabilidade, crescimento econômico e justiça social.
A pobreza energética assola 14 milhões de lares brasileiros. São famílias que têm dificuldades de pagar suas contas de eletricidade e gás e dependem de fontes alternativas para suprir os serviços essenciais. A configuração fez com que 22% dos cidadãos tivessem de escolher, de forma forçada, entre alimentação e energia.
No panorama mundial, estima-se que cerca de 3,2 milhões de mortes prematuras ocorram anualmente devido ao uso de combustíveis não limpos para cozinhar – mulheres e crianças são as mais afetadas por essa realidade.
Nesse sentido, a baixa qualidade do fornecimento de eletricidade em certas áreas também traz graves riscos à saúde, especialmente devido à poluição do ar em ambientes fechados.
Os números mostram o quanto é imperativo desenvolver estratégias abrangentes, que não apenas aliviem os encargos financeiros imediatos, mas também assegurem um acesso sustentável e equitativo à energia para todos os cidadãos no longo prazo.
A proliferação de empregos verdes chega como ajuda diante da realidade da pobreza energética, abrangendo uma ampla gama de atividades. Veja alguns exemplos:
Em expansão, o impulso não só promete estimular o crescimento econômico, mas também desempenha um papel imprescindível na transição do país para um futuro mais sustentável e equitativo.
Apesar do potencial dos empregos verdes para impulsionar as mudanças, o Brasil enfrenta vários desafios para realizar esse objetivo com plenitude. Um dos principais deles é a disponibilidade de profissionais com habilidades verdes.
Essas habilidades são essenciais para o desenvolvimento, a implantação e manutenção de empregos verdes em diversos setores. No entanto, a disponibilidade atual no mercado de trabalho brasileiro é insuficiente para atender à crescente demanda.
A mineração e a agricultura parecem andar em caminhos cruzados com a gestão territorial, pois a pressão econômica para expandir os setores em questão agrava desafios que a administração de território já costuma enfrentar. São eles: o desmatamento, a grilagem de terras e a exploração dos recursos naturais.
Um dos aspectos mais críticos desses desafios é o impacto nas terras indígenas, que estão sob crescente ameaça de desmatamento e invasão por interesses agrícolas e de mineração.
Nessa realidade, estratégias voltadas para a promoção da sustentabilidade e a busca pela justiça social surgem a partir de um movimento que pode enriquecer soluções, aliando conhecimentos tradicionais e necessidades locais: a inclusão.
A abordagem inclusiva garante que os stakeholders, especialmente os povos indígenas e as comunidades locais, tenham voz ativa no planejamento e na implementação das políticas de gestão territorial.
O desenvolvimento sustentável traz um saldo positivo ao Brasil em termos de oportunidades, mas os desafios não estão longe. O equilíbrio dessa balança pode ser alcançado com uma abordagem inclusiva. Entretanto, algumas questões precisam ser respondidas: o que é necessário para essa transição no Brasil? Quem precisa ser ouvido? O que deve ser destacado?
Sócio e líder da Indústria de Energia e Serviços de Utilidade Pública, PwC Brasil
Tel: 4004 8000