O agronegócio brasileiro está passando por uma profunda transformação. Pressionado pelas mudanças climáticas, pelas exigências dos mercados internacionais e pela necessidade de maior eficiência, o setor busca um novo modelo baseado em inovação, sustentabilidade e colaboração.
Nesta publicação exclusiva, desenvolvida com base em estudos recentes da PwC, analisamos os caminhos que estão moldando o futuro do agro no Brasil, desde a digitalização no campo até as novas exigências globais por práticas sustentáveis.
As mudanças climáticas se tornaram a principal ameaça para o agronegócio brasileiro. De acordo com a 28ª CEO Survey da PwC, 56% dos líderes do setor identificam o problema como sua maior preocupação, percentual significativamente superior à média nacional de todos os setores (21%) e à média global (14%). Essa percepção é corroborada por estudos que apontam perdas anuais no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre R$ 3,5 bilhões e R$ 8,1 bilhões devido aos impactos climáticos.
O mercado global exige cada vez mais práticas produtivas que minimizem impactos ambientais, reduzam emissões de carbono e promovam o uso responsável dos recursos naturais. Ao mesmo tempo, investidores e consumidores buscam transparência na rastreabilidade dos produtos agropecuários, privilegiando fornecedores comprometidos com padrões socioambientais rigorosos.
A proximidade da COP 30, que será realizada no Brasil em 2025, intensifica esse debate e coloca o país no centro das discussões globais sobre a sustentabilidade da produção agropecuária.
Para atender às novas exigências, será necessário investir em rastreabilidade digital, certificações e modelos produtivos que conciliem crescimento econômico e conservação ambiental.
A maioria dos CEOs do agronegócio brasileiro (78%) planeja investir na integração da IA com plataformas tecnológicas, um resultado acima da média nacional de todos os setores (69%). Além disso, 61% dos líderes acreditam que a IA generativa terá um impacto positivo na lucratividade do setor nos próximos anos, um avanço significativo em relação aos 46% registrados em 2024.
A digitalização das cadeias de suprimentos desempenha papel importante nesse cenário. O relatório Global Digital Procurement 2024 da PwC destaca que a adoção de tecnologias no procurement pode otimizar processos, reduzir custos e aumentar a resiliência operacional diante de desafios climáticos e logísticos. No agronegócio, isso se traduz na implementação de sistemas integrados que:
monitoram condições climáticas em tempo real, permitindo ajustes nas operações agrícolas para minimizar perdas;
automatizam a gestão de estoques e fluxos logísticos, garantindo melhor distribuição de insumos e produtos;
utilizam análise preditiva para antecipar demandas de mercado, ajustando a produção à volatilidade da demanda e otimizando preços; e
facilitam a rastreabilidade da produção, promovendo maior transparência e conformidade com normas ambientais e regulatórias.
Muitas empresas do setor operam hoje com modelos de negócios que podem se tornar obsoletos diante de fatores como mudanças climáticas, restrições regulatórias e avanços tecnológicos acelerados.
Em resposta a esse cenário desafiador, 44% dos CEOs do agronegócio afirmam ter estabelecido parcerias estratégicas com outras organizações, um percentual significativamente superior à média nacional de 33% registrada para todas as indústrias. Isso mostra que o setor está buscando soluções colaborativas para enfrentar desafios complexos.
Essas parcerias com startups, cooperativas e hubs tecnológicos estão acelerando a chegada de soluções acessíveis e eficazes, inclusive para pequenos e médios produtores.