Cada vez mais empresas recorrem ao mercado de ações brasileiro como fonte de capital para financiar seu crescimento. Receber novos acionistas, pela via do mercado, significa uma mudança de paradigma na gestão e na cultura organizacionais.
É um evento de grande transformação, com benefícios importantes, mas que cria obrigações permanentes para a organização e pode exigir competências diferentes da administração e dos colaboradores, mudanças na visão e nos objetivos de negócio e adoção de práticas e controles adicionais.
Preparar-se para atender a essas exigências e desenvolver um plano adequado é fundamental para uma transição bem-sucedida e para reduzir os riscos após a oferta pública inicial (ou initial public offering, do inglês, IPO).
O guia Abertura de capital no Brasil contém informações relevantes para a empresa que avalia abrir seu capital e quer entender melhor as vantagens e desvantagens dessa opção estratégica em relação às demais formas de financiar seu crescimento.
Nosso objetivo é fornecer uma referência rápida para ajudar as empresas a tomar decisões bem fundamentadas ao longo de todo o processo de abertura de capital, levando em conta benefícios, riscos, custos, impactos regulatórios e tempo de implementação da operação.
No guia, abordamos também alguns dos aspectos contábeis e de governança mais importantes envolvidos no processo, para ajudar no planejamento e na execução de uma oferta pública inicial bem-sucedida.
A abertura de capital é uma opção estratégica natural na jornada das empresas em crescimento. Em troca de recursos para expandir seus negócios, a organização admite milhares de novos acionistas, com quem passa a compartilhar riscos, decisões e lucros.
Há um conjunto de etapas a serem percorridas durante e após a decisão sobre abertura de capital. Em geral, essas etapas não são completamente delimitadas e, em muitos momentos, ocorrem em paralelo. A análise da conveniência de atuar como companhia aberta antecede qualquer outra etapa e é crucial na definição de continuar ou não com o projeto.
Um IPO bem-sucedido exige planejamento. Uma vez analisados fatores como o propósito da abertura de capital, nível de preparação da empresa para atender às exigências legais, equipe interna que trabalhará no pré e no pós-IPO, conjuntura do mercado e custos, é hora de arregaçar as mangas.
A regulamentação do mercado de capitais brasileiro envolve desde aspectos de governança corporativa, exigidos pela bolsa de valores (B3), até questões regulatórias e requisitos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como a divulgação de informações financeiras. Essas questões devem ser solucionadas no processo de uma oferta pública inicial e cumpridas regularmente durante a vida da companhia aberta.
Ao escolher a equipe que apoiará a empresa no processo de oferta pública inicial, é importante ter em mente o impacto que as exigências de informações nos documentos enviados à CVM e à B3 poderão ter no processo de registro de companhia aberta e na listagem das ações para negociação em bolsa de valores.
Os custos associados à realização de um IPO variam com base no porte e complexidade da empresa e no valor da oferta. Mas muitas das despesas previstas são aplicáveis em qualquer caso. É importante que as empresas mantenham uma expectativa realista, com base em orçamentos e cronogramas bem-estruturados, para evitar surpresas. Essa visão é fundamental para a adequada avaliação da relação custo-benefício associada às estratégias de abertura de capital.
A percepção que o público tem de uma empresa exerce impacto direto no valor de negociação de suas ações. Não a subestime. As companhias de capital aberto devem zelar por sua reputação mantendo uma comunicação regular com investidores, analistas e a mídia financeira, a fim de promover imagem positiva e assegurar que sua história seja transmitida com precisão.