As empresas precisam fortalecer sua resiliência cibernética diante da expansão da superfície de ataque causada por avanços em inteligência artificial (IA), dispositivos conectados e tecnologias de nuvem, além de um cenário regulatório em constante evolução.
Apesar da ampla conscientização sobre os desafios dessa empreitada, ainda existem vulnerabilidades importantes. Para proteger suas organizações, os executivos devem tratar a cibersegurança como prioridade constante na agenda corporativa, integrando-a a cada decisão estratégica e promovendo a colaboração entre os líderes executivos.
A Pesquisa Global Digital Trust Insights 2025 da PwC, realizada com 4.042 executivos de negócios e tecnologia de 77 países, incluindo o Brasil, revelou deficiências importantes que as empresas precisam corrigir para alcançar a resiliência cibernética nas seguintes áreas:
Implementação da resiliência cibernética: apesar das crescentes preocupações com os riscos cibernéticos, apenas 2% dos executivos globais entrevistados afirmam que suas empresas executaram ações de resiliência cibernética em todas as áreas avaliadas na pesquisa.
Preparação: as organizações se sentem menos preparadas para lidar com as ameaças cibernéticas mais preocupantes, como riscos relacionados à nuvem e violações de terceiros.
Participação dos CISOs: apenas cerca de metade dos executivos no Brasil e no mundo dizem que seus CISOs estão extremamente envolvidos no planejamento estratégico, nos relatórios ao conselho e na supervisão das implantações tecnológicas.
Confiança no compliance regulatório: CEOs e CISOs/CSOs apresentam níveis diferentes de confiança na capacidade da empresa de cumprir as regulamentações, especialmente em relação à IA, resiliência e infraestrutura crítica.
Medição do risco cibernético: embora os executivos reconheçam a importância de medir o risco cibernético, globalmente menos da metade o faz de maneira eficaz e apenas 15% no Brasil e no mundo medem o impacto financeiro dos riscos cibernéticos de forma significativa.
Tudo isso aponta para a necessidade de melhorar a colaboração entre os executivos da alta administração e fazer investimentos estratégicos para fortalecer a resiliência cibernética.
À medida que o cenário de cibersegurança evolui, as organizações enfrentam ameaças cada vez mais voláteis e imprevisíveis. A expansão da superfície de ataque – impulsionada pela maior dependência de recursos como nuvem, IA, dispositivos conectados e terceiros – exige uma abordagem ágil e abrangente para garantir a resiliência. Alinhar as prioridades e a preparação organizacional é fundamental para manter a segurança e a continuidade dos negócios.
As maiores preocupações das organizações são justamente aquelas para as quais elas estão menos preparadas. As quatro principais ameaças – relacionadas a nuvem, violações de terceiros, operações de hack-and-leak e ataques a produtos conectados – são também as que os executivos de segurança se sentem menos aptos a enfrentar. Essa deficiência ressalta a urgência de investimentos melhores e capacidades de resposta mais robustas.
Além disso, há uma diferença de percepção entre os executivos de segurança e o restante da organização, com CISOs e CSOs mais propensos a incluir o ransomware entre suas três principais preocupações. Isso reflete seu papel, mais focado em cibersegurança e TI, e seu maior entendimento das vulnerabilidades. É um cenário que reforça a importância de uma melhor troca de informações entre as lideranças para alinhar as prioridades.
(% dos participantes que classificaram as alternativas entre as três primeiras)
Pergunta: nos próximos 12 meses, com quais das seguintes ameaças cibernéticas sua organização está mais preocupada (por exemplo, riscos para a marca, perda dos negócios ou disrupção dos negócios, compliance)? Selecione e classifique até três opções, sendo 1 a maior prioridade de mitigação.
Pergunta: nos próximos 12 meses, quais das ameaças cibernéticas você acha que sua organização está menos preparada para enfrentar? Selecione e classifique até três opções, sendo
Embora o rápido avanço da IA generativa esteja trazendo novas oportunidades em diversos setores, ele também leva a riscos de cibersegurança. Quando as organizações adotam a IA generativa e outras tecnologias emergentes, a alta direção deve tratar de vetores de ataque mais complexos e imprevisíveis, obstáculos de integração e a natureza ambivalente da IA generativa, que pode ser usada tanto para a defesa quanto para o ataque cibernético.
Embora a IA generativa esteja aumentando a superfície de risco a ataques cibernéticos para a maioria das organizações, os executivos também estão usando essa mesma tecnologia para defesa cibernética. As três principais maneiras de aproveitar a IA generativa são: detecção e resposta a ameaças; inteligência de ameaças; e detecção de malware/phishing.
No entanto, apesar dessas oportunidades, as organizações enfrentam vários obstáculos ao incorporar a IA generativa em suas estratégias de defesa cibernética.
Os frameworks regulatórios exigem que as empresas passem a cumprir rapidamente uma crescente gama de requisitos. Um aumento nas novas regulamentações – Digital Operational Resilience Act (DORA), Cyber Resilience Act, AI Act, Cyber Incident Reporting for Critical Infrastructure Act (CIRCIA), Singapore Cybersecurity Act, entre outras – ressalta a urgência com que as organizações precisam alinhar suas práticas a essas expectativas cada vez maiores. Superar esses desafios é fundamental para desenvolver uma postura de cibersegurança sólida e em compliance com os requisitos, capaz de resistir ao escrutínio regulatório e às novas ameaças.
Embora a percepção seja que as regulamentações de cibersegurança estão beneficiando as organizações, há uma diferença significativa na confiança entre CEOs e CISOs/CSOs quanto à capacidade de cumprir essas regulamentações.
As maiores divergências dizem respeito ao compliance com requisitos relacionados à IA, resiliência e infraestrutura crítica. Os CISOs, que lidam diretamente com a cibersegurança, estão menos otimistas que os CEOs quanto à capacidade da organização de cumprir essas exigências regulatórias.
(% de CEO x CISO/CSO que demonstram alta confiança)
Pergunta: quão confiante você está na capacidade da sua organização de cumprir os seguintes tipos de regulamentações que podem ser aplicáveis à(s) localidade(s) em que opera?
Com as ameaças cibernéticas evoluindo rapidamente em escopo e sofisticação, a quantificação de risco cibernético se tornou uma ferramenta essencial que as organizações não podem ignorar. No entanto, apesar de seus benefícios amplamente reconhecidos, vários desafios (como problemas de qualidade dos dados e confiabilidade dos resultados) têm impedido uma adoção mais ampla.
Embora a maioria dos executivos concorde que avaliar o risco cibernético é crucial para priorizar investimentos em segurança (95% no Brasil e 88% no mundo) e alocar recursos nas áreas de maior risco (96% no Brasil e 87% no mundo), apenas 15% das organizações no Brasil e no mundo o fazem em profundidade (por exemplo, com quantificação extensiva de riscos cibernéticos, uso de automação e relatórios abrangentes).
Pergunta: indique a importância dos seguintes aspectos para a sua organização na quantificação do risco cibernético (apenas respostas “muito” e “extremamente importante”).
Com a crescente relevância da cibersegurança como prioridade corporativa, as organizações estão reconhecendo seu valor como fator estratégico e oportunidade de melhorar sua reputação e confiança. Em resposta, muitas estão aumentando seus orçamentos de cibersegurança, com ênfase especial na proteção e confiança dos dados. Investindo de maneira estratégica nessas áreas, as empresas não apenas aumentam sua resiliência, mas também se destacam positivamente perante seus clientes e o mercado.
Nos próximos 12 meses, as empresas no Brasil estão priorizando a modernização da tecnologia e a segurança na nuvem acima de outros investimentos em cibersegurança – no mundo, os investimentos em proteção/confiança nos dados têm mais destaque. É importante que as empresas compreendam que proteger informações sensíveis é crucial para manter a confiança dos stakeholders e a integridade da marca.
Executivos de negócios e tecnologia classificam suas prioridades de forma diferente, com base em suas áreas específicas de responsabilidade.
As organizações estão enxergando a cibersegurança cada vez mais como um fator-chave de diferenciação para obter vantagem competitiva: 64% dos brasileiros mencionam a integridade e a lealdade da marca (49% no mundo) e 63% citam a confiança do consumidor (57% no mundo) como áreas de influência. À medida que as ameaças cibernéticas aumentam, uma postura forte em cibersegurança não significa apenas proteção – é também a construção de uma reputação na qual clientes e stakeholders possam confiar.
(% dos participantes que selecionaram “Em grande medida”)
Pergunta: em que medida sua organização posiciona a cibersegurança como vantagem competitiva nas seguintes áreas?
Desde esforços de resiliência defasados até falhas na participação dos CISOs em decisões estratégicas, há áreas claras nas quais é preciso fazer um alinhamento estratégico. Para alcançar esse objetivo, as organizações devem seguir as melhores práticas de cibersegurança de seus pares de melhor desempenho. Elas também precisam avançar além das ameaças conhecidas, implementando uma abordagem ágil e segura desde a concepção do negócio, buscando construir confiança e resiliência duradoura.
Apesar da crescente preocupação com o risco cibernético, a maioria das empresas enfrenta dificuldades para adotar plenamente a resiliência cibernética em práticas essenciais. Uma análise de 12 ações de resiliência envolvendo pessoas, processos e tecnologia indica que menos da metade dos executivos acredita que suas organizações implementaram totalmente alguma dessas ações.
Mais preocupante ainda, apenas 2% no mundo afirmam que todas as 12 ações de resiliência foram implementadas na organização. Isso deixa uma vulnerabilidade evidente – sem resiliência em toda a empresa, as organizações permanecem perigosamente expostas às ameaças crescentes que podem comprometer toda a operação.
Pergunta: até que ponto sua organização está implementando ou planejando implementar as seguintes ações de resiliência cibernética?
Muitas organizações perdem oportunidades importantes por não envolverem completamente seus CISOs em iniciativas-chave. No Brasil, cerca de metade dos executivos afirma que seus CISOs estão amplamente envolvidos no planejamento estratégico para investimentos em cibersegurança, relatórios ao conselho e supervisão de implementações tecnológicas – no mundo, os resultados são ligeiramente inferiores. Essa lacuna deixa as organizações vulneráveis a estratégias desalinhadas e posturas de segurança mais fracas.
Pergunta: qual o envolvimento do CISO da sua organização nas seguintes áreas?
A Pesquisa Global Digital Trust Insights 2025 é um levantamento realizado com 4.042 executivos de negócios e tecnologia, entre maio e julho de 2024.
Um quarto dos executivos representa grandes empresas com receitas de US$ 5 bilhões ou mais. Os respondentes atuam em diversos setores, como indústria e serviços (21%); tecnologia, mídia e telecomunicações (20%); serviços financeiros (19%); varejo e consumo (17%); energia e serviços de utilidade pública (11%); saúde (7%) e governo (4%).
Os respondentes são de em 77 países, com a distribuição regional da seguinte forma: Europa Ocidental (30%), América do Norte (25%), Ásia-Pacífico (18%), América Latina (12%), Europa Central e Oriental (6%), África (5%) e Oriente Médio (3%).
A Pesquisa Global Digital Trust Insights (DTI) era antes conhecida como Global State of Information Security Survey (GSISS). Em seu 27º ano, é a pesquisa anual mais antiga sobre tendências em cibersegurança. Também é a maior do setor de cibersegurança e a única que conta com a participação de altos executivos de negócios, e não apenas de executivos de segurança e tecnologia.
A pesquisa foi conduzida pelo PwC Research, nosso Centro de Excelência Global para pesquisa de mercado e insights.