Pesquisa Global de Riscos 2023

Pesquisa Global de Riscos 2023
  • Março 20, 2024

Como este estudo pode ajudar você

Como a disrupção tecnológica está impulsionando a reinvenção, a resiliência e o crescimento?

Se não assumimos riscos, não evoluímos. Correr riscos de forma inteligente é o único jeito pelo qual as empresas podem se reinventar e se transformar para sobreviver, criar valor e prosperar nesta época de incerteza, ao mesmo tempo em que constroem resiliência para proteger seu valor em face de riscos complexos e em constante transformação.

A Pesquisa Global de Riscos 2023 da PwC revela como as empresas líderes estão mudando a forma como veem o risco ao abraçarem o poder transformador da tecnologia e dos dados em busca de oportunidades e criação de valor.

Este estudo – que entrevistou 3.910 líderes executivos e de risco (160 do Brasil), desde o conselho de administração até o C-Level, nas áreas de tecnologia, operações e finanças, assim como riscos e auditoria – evidencia como a tecnologia está desempenhando um papel cada vez mais importante ao ajudar as organizações a proteger seu valor, mitigando e gerenciando de forma efetiva os riscos downside (queda no mercado financeiro).

58%

das empresas no Brasil buscam criar oportunidades a partir dos riscos (62% no mundo)

67%

veem, em grande parte ou totalmente, a GenAI como oportunidade, não como risco (60% no mundo)

55%

acham que se preparar para investir em tecnologia é a maior motivação para rever cenário de risco


Os líderes brasileiros se mostram particularmente motivados pelo imperativo de investir em tecnologia para rever seu cenário de risco. No país, por exemplo, a inteligência artificial generativa (GenAI) é considerada mais como uma oportunidade do que como um risco.

Entre os fatores externos de disrupção, a transição energética é considerada uma oportunidade para 61% dos líderes brasileiros, seguida de perto pelas mudanças na demanda e preferência dos clientes (55%). Quando ampliamos a lente para os respondentes de todos os países, as mesmas avaliações aparecem, mas com percentuais um pouco menores: 54% e 47%, respectivamente.

Por outro lado, no Brasil, as disrupções nas cadeias globais de suprimento são apontadas como o principal fator externo a ser visto mais como um risco do que uma oportunidade (30%). Na sequência, o segundo fator a afligir os brasileiros é a possibilidade de surgirem novos entrantes em seu setor vindos de outras áreas (28%).

Já no recorte global, a disrupção das cadeias de suprimento também é entendida mais como um risco do que uma oportunidade (41%). O segundo fator visto da mesma forma, no entanto, é a possibilidade de haver mudanças regulatórias (28%) – no Brasil, essa questão se encontra na terceira posição, com 22%.

O setor da indústria também tem impacto sobre como as empresas se posicionam em relação à proteção ou criação de valor na escala de apetite ao risco. Áreas mais dinâmicas, como varejo e tecnologia, são mais propensas a abraçar o risco e buscar oportunidades, enquanto as que são regulamentadas, como governo e farmacêutica, tendem a priorizar mais o compliance e a mitigação de risco.

Diferentes funções dentro da organização também têm perspectivas distintas, por exemplo, os executivos de finanças são mais propensos a afirmar que sua organização prioriza a mitigação em vez de ter um apetite alto ao risco .

Criadores de valor (priorizam encontrar oportunidades nos riscos) | Protetores de valor (priorizam a aderência à regulamentação ao gerenciar risco)

Nossa pesquisa revela um grupo formado por 5% das empresas que têm o melhor desempenho em todos os setores da indústria – identificadas como “pioneiras" – que estão avançando na busca por oportunidades.

Sustentadas por uma resiliência estratégica aplicada a toda a organização, guiadas por uma abordagem liderada por pessoas e potencializada pela tecnologia, essas empresas pioneiras estão muito mais propensas do que outras a aprimorar suas equipes internas e fazer maior uso de análises avançadas (analytics), modelos preditivos, ferramentas de cibersegurança e nuvem para gerenciar riscos. Elas também têm maior probabilidade de considerar tecnologias emergentes, como a GenAI, uma oportunidade em vez de um risco.

Por isso, esse grupo líder está alinhando melhor a gestão de risco com a estratégia corporativa para alcançar uma gama maior de resultados e valor – desde um compliance regulatório mais robusto e relatórios simplificados, até o aumento da confiança dos clientes e a identificação de novas oportunidades comerciais.

“A era do risco benigno chegou ao fim. O futuro é imprevisível, com efeitos intensificados pelo impacto e ritmo cada vez maiores das mudanças tecnológicas. Essas ameaças significam que assumir riscos de maneira inteligente – impulsionado pela tecnologia e focado no crescimento e nas oportunidades – é fundamental para se adaptar e reinventar, além de proteger e criar valor em um mundo de disrupções aceleradas.”

Francisco Macedo,sócio e líder de Risk Services da PwC Brasil

Cinco descobertas-chave

Nossa pesquisa destaca cinco descobertas importantes para os líderes. Neste relatório, detalhamos cada uma delas, mostrando por que elas são importantes para as organizações e para os stakeholders, o valor que criam e as formas práticas de utilizar a tecnologia e os dados para lidar com o risco de uma nova maneira.  

Como a tecnologia está remodelando as percepções de risco

A tecnologia está desempenhando um papel cada vez mais importante na exposição de uma organização aos riscos, em seu apetite em relação a eles na busca por novas oportunidades e nas ferramentas que emprega para mitigá-los e construir resiliência.

No Brasil, as questões ligadas à economia, como a inflação e a volatilidade macroeconômica, ainda se destacam quando o assunto é o risco percebido pelas empresas. Respectivamente, 46% e 39% dos entrevistados as apontam como as principais ameaças para os próximos 12 meses. Contudo, os riscos digitais e tecnológicos também são evidenciados. Eles aparecem com 43%, logo após o risco inflacionário, que é, disparado, considerado a maior ameaça. 

Globalmente, apenas a inflação supera a cibersegurança (principal ameaça relacionada à tecnologia) entre os riscos aos quais os entrevistados se sentem mais expostos. Já a questão “riscos digitais e tecnológicos” está quase em pé de igualdade com a volatilidade macroeconômica.

Um terço dos CEOs disseram se sentir altamente ou extremamente expostos ao risco cibernético. Os líderes responsáveis principalmente pela gestão de risco classificaram a ameaça cibernética acima da inflação.

Principais ameaças que as empresas afirmam estar altamente ou extremamente expostas nos próximos 12 meses

Principais ameaças que as empresas afirmam estar altamente ou extremamente expostas nos próximos 12 meses

Por outro lado, nosso estudo também mostra que os riscos relacionados à tecnologia – desde ataques cibernéticos até insucessos na implementação que custam caro e são potencialmente prejudiciais à marca – não estão impedindo as organizações de investir na área. Ao contrário, o apetite por inovação e novas tecnologias está incentivando as empresas a agir proativamente. As organizações  estão se antecipando na análise e redução desses riscos para transformar e gerenciar melhor seus custos, dar suporte ao crescimento e, em última instância, construir resiliência.

A necessidade de se preparar para investir em tecnologia – desde a nuvem até as tecnologias emergentes como a GenAI – é o maior fator de motivação para que uma empresa reveja seu cenário de riscos. É o que dizem 55% das organizações no Brasil (57% no mundo). No total , 62% das grandes organizações com receitas de US$ 5 bilhões ou mais em todo o mundo pensam da mesma forma.

Esses percentuais superam a revisão que é motivada por eventos de risco (53% no Brasil e 50% no mundo) ou pela entrada em novos mercados (53% no Brasil e 46% no mundo), delimitando uma mudança expressiva em onde e por que os riscos são avaliados.

É muito mais provável que fatores de disrupção tecnológica sejam vistos mais como oportunidades do que como riscos se comparados a outros disruptores externos. No total, 67% dos líderes brasileiros (60% no mundo) veem a GenAI mais como uma oportunidade do que um risco. Porém, apenas 39% dos brasileiros (35% mundialmente) têm essa avaliação para as mudanças regulatórias. Em relação à disrupção das cadeias de suprimentos, os percentuais foram de 35% para o Brasil e 28% para o mundo.

Os resultados também mostram que, dada sua posição na vanguarda da exploração e implementação de tecnologias emergentes nas organizações, os entrevistados que desempenham papéis operacionais e tecnológicos têm maior probabilidade que os demais cargos/funções de enxergar a GenAI como uma oportunidade em vez de um risco. O entusiasmo pela GenAI ecoa uma outra pesquisa da PwC, a Global Digital Trust Insights 2024. Segundo esse estudo, 77% dos participantes no mundo acreditam que essa tecnologia ajudará as empresas a desenvolver novas linhas de negócios nos próximos três anos.

Já a Pesquisa Global Hopes and Fears 2023, com respostas de mais de 50 mil profissionais, aponta que esses colaboradores veem mais impactos positivos que negativos da IA sobre seus cargos, apesar das notícias sobre perdas de empregos impulsionadas pela IA.

“A automação da IA pode nos auxiliar a aprimorar a eficiência, enquanto as capacidades de análise de dados podem nos ajudar a fazer julgamentos mais precisos e diminuir riscos.”

Rosana Napoli,sócia da PwC Brasil

A necessidade de uma abordagem liderada por pessoas e potencializada pela tecnologia na gestão de risco

Analisamos o apetite a risco e a preferência pela criação de valor em comparação com a sua proteção. Em seguida, comparamos essa análise com a maturidade da abordagem liderada por pessoas e impulsionada pela tecnologia. Isso revela quatro arquétipos de risco. Ao analisarmos as organizações que alcançam a maior variedade de resultados, identificamos um pequeno grupo de organizações de alto desempenho, que lideram o caminho como pioneiras em risco.

Criação de valor | Potencialização pela tecnologia | Proteção de valor | Liderança por pessoas

Os arquétipos de risco

  • Inovador. Presente na maioria dos setores e culturalmente predisposto a privilegiar a criação de valor em detrimento de sua proteção, este arquétipo confia principalmente nos insights humanos e na cultura de inovação para alcançar seus objetivos.

Mais de três quartos desses inovadores (77%) têm elevado apetite ao risco e 88% procuram oportunidades nele em vez de priorizar a aderência regulatória. Eles estão mais propensos a ter uma abordagem proativa na tomada de riscos e construção de resiliência. 

No entanto, também tendem a usar mais ferramentas de dados e tecnologias básicas na sua gestão, o que prejudica uma integração mais abrangente. Por fim, sua estratégia empresarial tem menor probabilidade de incluir investimentos em tecnologias voltadas especificamente à construção de resiliência e gestão de riscos.

  • Disruptor. Mais focado na criação do que na proteção de valor, este arquétipo está mais avançado no uso de tecnologia para alcançar seu objetivo e mais propenso a integrar totalmente esse uso da tecnologia, assim como o uso de dados na gestão de risco. 

Além disso, é mais provável que adote capacidades avançadas e preditivas para identificar e avaliar potenciais ameaças. Pode ser encontrado na maioria das indústrias, exceto em uma parcela menor de organizações governamentais e de serviços públicos. 

Mais de três quartos desses disruptores têm um apetite ao risco grande e 89% procuram oportunidades nele em vez de priorizar a aderência regulatória. Eles empregam também uma abordagem mais proativa para construir resiliência em relação a eventos disruptivos inesperados.

  • Defensor. Este arquétipo é avançado na adoção de tecnologia e dados e está mais propenso a tê-la inteiramente integrada à sua gestão de risco com atualizações e melhorias regulares. 

São notáveis por fazer isso para proteger valor em vez de buscar estrategicamente criar valor . Espalhados por todos os setores, quase dois terços priorizam a aderência regulatória ao aproveitamento de oportunidades em sua gestão de riscos e estão mais propensos a empregar estratégias mais cautelosas. 

  • Pragmático. Arquétipo culturalmente mais focado na proteção de valor e menos avançado no uso estratégico da tecnologia. Organizações do setor governamental e de serviços públicos se enquadram mais nesse grupo. 

Três quartos dos pragmáticos (76%) focam em fugir do risco em vez de vê-lo como oportunidade e 71% priorizam a aderência regulatória nesse tipo de gestão. 

Eles têm maior probabilidade de usar tecnologias e ferramentas de dados básicas, sem uma integração abrangente. Além disso, estão menos propensos a usar ferramentas com análises avançadas (analytics), modelagem preditiva, monitoramento em tempo real, visualização de dados ou nuvem para identificar e avaliar riscos potenciais.

 

Pioneiras em risco 

Representam uma parcela de 5% das organizações. São empresas com melhor desempenho, construídas com base na resiliência corporativa e guiadas por uma abordagem de gestão de risco equilibrada, liderada por pessoas e impulsionada por tecnologia. Essas organizações já estão obtendo resultados em criação de valor melhores do que outras.

Nossos arquétipos oferecem um ponto de partida ilustrativo para ajudar a fazer um benchmark da sua abordagem de risco

Não se deve assumir que a natureza mais reativa e focada na proteção de alguns arquétipos sinalize uma falta de ambição ou intenção de mudar rumo à criação de valor.

Diante das condições econômicas turbulentas e as disrupções que afetam alguns setores mais do que outros, essas empresas podem estar limitadas em sua capacidade de investir no talento e na tecnologia necessários. Podem ainda se sentir expostas a riscos de forma tão significativa que a proteção de valor é vista como o melhor e único caminho.

Como as pioneiras estão indicando o caminho

As empresas pioneiras estão inovando em enxergar os riscos como uma oportunidade de criação de valor. Essa fatia de 5% das organizações com melhor desempenho – construídas sobre resiliência corporativa e conduzidas por uma abordagem de gestão de risco liderada por pessoas e potencializada pela tecnologia – já está colhendo resultados melhores do que outras.

A lacuna entre pioneiras e entrevistados em geral

A lacuna entre pioneiras e entrevistados em geral

As características-chave das pioneiras

Nosso estudo mostra uma distribuição bastante uniforme das empresas pioneiras em todos os setores. Elas estão muito presentes em serviços financeiros, varejo e consumo, tecnologia, mídia e telecomunicações, além de estarem nas organizações com receitas de US$ 5 bilhões ou mais.

Os participantes da pesquisa enquadrados nesse grupo têm maior probabilidade de serem CEOs e membros de conselhos de administração (34%). Há maior chance que sua empresa tenha visto um crescimento de receita nos últimos seis a nove meses e esteja na expectativa de que aumente novamente nos próximos 12 meses.

Quase três quartos (73%) das pioneiras têm um plano de ação e uma estratégia ampla de tecnologia corporativa, que inclui investimento em soluções especificamente voltadas para direcionar a resiliência e/ou gerenciar riscos – em comparação com 53% dos entrevistados em geral da pesquisa.

Resultados alcançados
  • 1,8 vez mais propensas a afirmar que estão muito confiantes em equilibrar crescimento com gestão de risco. 
  • 1,8 vez mais propensas a avaliar a GenAI totalmente como uma oportunidade em vez de um risco. 
  • 1,6 vez mais propensas a assumir riscos de forma proativa para criar oportunidades em vez de priorizar estratégias cautelosas. 
  • 1,4 vez mais propensas a priorizar a construção de resiliência a eventos disruptivos inesperados do que priorizar a estabilidade e continuidade, quando ocorrem situações desencadeadoras. 
  • Mais propensas a enxergar seu próprio apetite ao risco (30%), assim como de seu CEO (31%) e Conselho (26%), como ávido/ansioso, indicando maior alinhamento da liderança na tomada de riscos. 
Como conseguiram isso
  • 2,7 vezes mais propensas a utilizar capacidades avançadas e preditivas, aliadas a tecnologias e dados de ponta, para gerenciar riscos. 
  • Menos propensas a afirmar que as tecnologias tradicionais impactaram sua capacidade de gerenciar e responder aos riscos. 
  • 2,6 vezes mais propensas a ter melhorado sua performance financeira graças a uma mitigação eficaz dos riscos. 
  • 2 vezes mais propensas a ter alcançado um compliance mais robusto com os padrões regulatórios. 
  • É muito mais provável que a função de risco dessas pioneiras já apresente comportamentos estratégicos, como desafiar a alta administração sobre a estratégia e o apetite ao risco, orientar o negócio em mudanças complexas, como fusões e aquisições (M&A), e prover insights de risco para o conselho aprimorar a gestão.

Esses comportamentos e resultados melhores das pioneiras revelam um gap que as organizações precisam preencher, se quiserem fazer um uso mais eficaz da tecnologia e criar oportunidades e valor a partir dos riscos.

Aproximadamente 45% das empresas no Brasil (cerca de dois quintos no mundo) melhoraram sua abordagem de gestão de risco para aprimorar a confiança dos clientes e aperfeiçoar o compliance regulatório. No entanto, menos de um terço delas alcançou bons resultados em outras áreas importantes, com destaque para a oportunidade de obter melhores resultados a partir de sua estratégia de risco e fornecer valor estratégico. 

Preenchendo gaps: cinco maneiras de se tornar uma pioneira em riscos

1. Combine ambição tecnológica com ação

Na maioria das empresas, existe uma clara ambição de adotar uma abordagem mais tecnológica para a gestão de risco, considerando sua intenção de investir em inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina, segurança cibernética e nuvem. 

No entanto, muitas organizações ainda estão nos estágios iniciais de maturidade quando o assunto é o uso da tecnologia e de dados para essa finalidade. Só uma entre dez organizações está  usando, em sua gestão de riscos, um analytics avançado e preditivo, dados e tecnologias de ponta, além de continuar aperfeiçoando e inovando.

18%

das empresas brasileiras estão explorando ou começaram a usar recentemente dados e tecnologia na gestão de riscos (14% no mundo)

23%

das organizações no Brasil adotaram procedimentos de dados e tecnologia na gestão de risco, mas eles não estão totalmente otimizados – percentual praticamente idêntico ao global (24%)

17%

dos líderes brasileiros estão usando ferramentas básicas de dados e tecnologia na gestão de riscos, ainda que falte uma integração abrangente – percentual inferior ao do recorte mundial (24%)

“A IA pode auxiliar na otimização do processo de gestão de risco ao automatizar tarefas repetitivas e diminuir as chances de erro humano. Com o poder da IA, os gestores da área podem tomar decisões mais embasadas e construir um futuro mais seguro e protegido.”

Hugo Spindola,sócio da PwC Brasil

Investimentos em tecnologias tradicionais – que frequentemente se tornam mais complexos ao longo de anos de fusões, aquisições, reestruturações e consolidações – também impactam a capacidade das empresas de gerenciar e lidar com os riscos.

Maiores desafios tecnológicos 

43%

desafios na gestão e integração dos dados que limitam uma visão holística dos dados (41% no mundo)

43%

maiores vulnerabilidades da segurança (36% no mundo)

39%

maiores custos de manutenção (39% no mundo)

38%

maiores riscos de falhas operacionais (37% no mundo)

Quando se trata da percepção da maturidade do uso da tecnologia e dos dados para gerenciar riscos, parece haver diferenças entre os profissionais de TI e operações e das áreas de risco e auditoria. 

No total, 68% dos entrevistados da área de tecnologia e 63% de operações disseram que sua organização utiliza análises avançadas (analytics) ou modelagem preditiva para identificar e avaliar potenciais riscos em grande ou gigantesca escala. Por outro lado, somente 49% dos executivos da área de risco e 15% de auditoria concordam com essa afirmação. 

Apesar desses desafios, como as empresas pioneiras demonstram, a oportunidade de obter vantagem competitiva ainda está ao alcance de quem é corajoso o suficiente para agir rápido e abraçar o quanto antes as tecnologias emergentes.

“A tecnologia revela o seu valor quando risco e oportunidade se unem e são compreendidos por todas as funções e linhas de negócio da empresa, em um nível estratégico. Integrar o risco à disponibilização de informações assegura precisão e consistência na comunicação, unindo equipes internamente e construindo confiança e credibilidade externamente. Consolidar riscos de sustentabilidade com informação por meio da tecnologia promove maior compreensão da resiliência operacional, dá visibilidade aos custos reais da cadeia de valor e ajuda a identificar oportunidades de mercado. Usar uma tecnologia flexível e escalável permite que as organizações sigam um roteiro mais gerenciável de mudança.”

André Pannunzio,sócio e líder de Auditoria Interna da PwC Brasil

2. Coloque o propósito no centro da sua estratégia de risco

Uma abordagem para a gestão de risco guiada por um propósito claro e autêntico pode auxiliar as organizações a serem mais resilientes e identificar quais riscos devem ser abraçados ou evitados. Isso garante que toda a empresa compreenda a direção e ambição em relação ao futuro, além de ajudar a construir confiança com os stakeholders – desde funcionários e clientes até investidores e reguladores.

O propósito fornece uma “lente vital estratégica” para percepção do risco como uma ameaça ou oportunidade, principalmente no que se refere a mudanças climáticas, à sustentabilidade, a cadeias éticas de suprimentos e ao uso responsável de tecnologias emergentes, como a GenAI.

No entanto, apenas um terço (32%) dos líderes disseram concordar fortemente que sua organização usa o propósito e visão de futuro para tomar decisões sobre riscos. Isso contrasta com 59% das pioneiras que concordam muito que suas empresas usam propósito e visão de futuro para orientar as decisões de riscos – essa percepção é particularmente visível em sua abordagem sobre disrupções externas.

No total, 44% das pioneiras veem a disrupção das cadeias de suprimentos como uma oportunidade em vez de um risco, ao passo que esse percentual cai para 28% na base geral de entrevistados. Além disso, a maioria das pioneiras (63%) enxerga a transição para novas fontes de energia como uma oportunidade, enquanto essa visão é compartilhada por 54% dos respondentes da pesquisa como um todo. 

Quando se trata de uma abordagem responsável em relação à tecnologia, quase três quartos (74%) das pioneiras já implementaram arcabouços éticos para lidar com essa questão, em contraste com 39% dos respondentes em geral . O trabalho de estabelecer um propósito claro e autêntico com seus funcionários e demais stakeholders permite criar um mindset de risco adequado, o qual pode alimentar os frameworks e as métricas que ajudarão a construir resiliência e entregar resultados mais sustentáveis

3. Seja uma liderança conectada

No total, 74% das organizações no Brasil (91% no mundo) estão seguras de que conseguem equilibrar suas ambições de crescimento com uma gestão efetiva de riscos. Existem, no entanto, diferenças quando se analisam as respostas entre diferentes cargos e funções nas empresas.

Metade dos entrevistados com cargo de CEOs ou conselheiros se mostram, por exemplo, muito confiantes na capacidade de obter esse equilíbrio, contra apenas 34% dos líderes da área de operações e 30% de auditoria. Somente um quinto dos executivos de risco afirma que seu apetite ao risco é correspondente ao de seu presidente ou Conselho.

Além disso, existe um desalinhamento na percepção do valor proporcionado pela função de risco na empresa. Os CEOs se mostram menos propensos que os líderes de risco a concordar que essa função apresenta comportamentos estratégicos – como trazer insights de risco ao Conselho para melhor supervisão, orientar o negócio em mudanças complexas e desafiar o alto escalão.

Ao todo, 60% dos executivos de risco afirmam que já estão provendo insights sobre riscos novos e emergentes para a alta administração, contra 54% dos entrevistados do negócio em geral – CEOs, o Conselho e as áreas de operações, tecnologia e finanças.

Essa desconexão fica também evidente na Pesquisa Global de Auditoria Interna 2023 da PwC , na qual os líderes executivos declaram o seu desejo de um envolvimento estratégico mais precoce e proativo da auditoria interna (AI). Apesar dessa expectativa, apenas um quinto dos executivos classifica o pensamento estratégico e a capacidade de desafiar os superiores de forma construtiva como pontos fortes da área (no Brasil, foram 25% e 14%, respectivamente). Além disso, quase metade (49%) disse que a AI não tem um forte alinhamento com as outras linhas em relação aos principais riscos e desafios (no Brasil, são 26%). Existe um alinhamento muito maior entre CEO/Conselho e área de risco com as pioneiras de melhor desempenho. Quase um terço (32%) delas afirma que seu apetite ao risco correspondia exatamente ao de seu presidente e seus conselheiros, contra somente 22% no balanço geral da pesquisa.

Essa desconexão da liderança tem de ser resolvida se a gestão de riscos quiser fazer mais do que proteger valor e ter uma resposta reativa a ameaças. Fomentar maior colaboração entre essa função com a liderança e o negócio em geral, assim como promover conversas estratégicas “mais cedo” no processo, são fatores essenciais para que as organizações encontrem oportunidades onde seus concorrentes enxergam somente risco.

4. Construa um alicerce de resiliência estratégica

Existe uma correlação entre a realização de investimentos em resiliência e a obtenção de resultados da gestão de riscos, com as empresas com melhor desempenho mais propensas a terem investido mais em iniciativas dessa natureza nos últimos 12 meses.

Embora cerca da metade das organizações tenha destinado recursos financeiros a ações específicas de resiliência, elas permanecem isoladas. Isso porque só 7% investiram de forma abrangente em uma resiliência mais proativa e estratégica em todo o negócio.

Iniciativas de resiliência em que empresas planejam investir dentro de 12 meses 

36%

das empresas no Brasil pretendem criar uma equipe de resiliência com membros de continuidade de negócios, segurança cibernética, gestão de crises e riscos (35% no mundo)

32%

das empresas no Brasil desejam expandir sua rede de fornecedores como parte dos planos de sobrevivência do negócio (35% no mundo)

32%

das empresas no Brasil querem construir plantas de backup para garantir a continuidade da produção em caso de um desastre que possa impactar suas instalações (34% no mundo)

Nossa pesquisa mostra que há um investimento relativamente forte em iniciativas de resiliência, como inversões em comunicação digital e compartilhamento remoto para permitir o trabalho à distância em situação de crise, na atualização de sistemas críticos para que se tornem mais resilientes a ataques cibernéticos e no estabelecimento de protocolos com grandes fornecedores de tecnologia para coordenar respostas a incidentes.

Mas ainda há espaço para melhoria em iniciativas como a criação de uma equipe de resiliência multifuncional, a expansão da rede de fornecedores como parte dos planos de continuidade do negócio e a construção de plantas de produção com a finalidade de backup.

5. Crie uma cultura em que a diversidade e o pensamento ousado possam prosperar

A ambição de fazer da gestão de risco uma parceira estratégica que ajude sua organização a assumir riscos com confiança e abrir novas oportunidades e fontes de valor deve ser combinada com o desenvolvimento de habilidades e capacidades. No entanto, apenas 36% das empresas brasileiras concordam fortemente que a capacitação das equipes para que estejam mais bem preparadas para riscos potenciais ou a provisão das competências certas aos funcionários para melhor habilitá-los a resolver problemas complexos são uma prioridade (globalmente, são 31%). Isso contrasta com os 60% e 58% das pioneiras que declararam concordar fortemente com essas duas premissas, respectivamente. 

Outro comportamento-chave do mindset de crescimento que se evidencia nas organizações de melhor performance é a “desintoxicação do fracasso” por meio de uma cultura “segura para errar”, em que os colaboradores sentem que podem experimentar e se adaptar a diferentes circunstâncias e eventos. Ainda assim, só um quarto dos entrevistados concorda fortemente que sua empresa tem essa cultura, ao passo que esse percentual chega à metade no caso das pioneiras. As empresas terão de reconhecer que a corporação como um todo tem um papel a desempenhar na gestão de riscos, desde a expansão da colaboração interna e externa em ecossistemas e cadeias de suprimento até o ato de desafiar seu apetite ao risco e construir resiliência de forma coletiva. Essa postura representa a oportunidade de um novo papel para as equipes de risco, no qual haverá um uso mais estratégico de seus insights e suas experiências. 

Você está preparado para mudar a maneira como enxerga os riscos?

A jornada para assumir riscos de forma mais inteligente – impulsionada pela tecnologia e por meio das lentes da reinvenção, da oportunidade e do crescimento – requer que os líderes respondam primeiro a essas quatro perguntas-chaves:

1. Você tem clareza de como a GenAI irá promover a disrupção em seu setor e tem um plano para garantir que sua organização se torne uma das pioneiras nesse processo?

2. Você conhece as ameaças que pairam no horizonte? Sabe quais riscos precisa assumir para criar valor ao negócio e as medidas práticas que têm de estar em vigor para responder a choques e surpresas, além de mitigar esses riscos?

3. Você investiu adequadamente na construção da resiliência de sua organização à disrupção, removendo pontos críticos de falha e desenvolvendo suas capacidades para responder rapidamente a eventos de risco conforme eles ocorram?

4. A tecnologia fundamenta a forma como você avalia, gerencia e assume riscos ou você ainda está usando abordagens manuais e planilhas?

As empresas não podem mais se dar ao luxo de confiar em uma abordagem reativa ao risco, centrada principalmente na prevenção. Quase 40% dos CEOs acreditam que sua organização não será mais viável economicamente em uma década  se continuar no caminho atual.

Desde os riscos climáticos e geopolíticos, passando pela volatilidade macroeconômica até o poder disruptivo da tecnologia, as empresas têm de mudar e reformular a maneira como encaram o risco para construir resiliência e criar oportunidades.

É vital para a sobrevivência e o crescimento sustentável das empresas a capacidade de se adaptar, mudar e se reinventar rapidamente em meio a essas transformações constantes e incertezas. Explorar o poder da tecnologia e dos dados de novas maneiras, somado à construção de capacidades multidisciplinares mais diversificadas em todo o negócio, será fundamental para transformar o risco em um facilitador da mudança e do crescimento.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa Global de Riscos 2023 da PwC foi realizada a partir de 3.910 respostas de líderes executivos e de gestão de riscos (CEOs, conselheiros e gestores de operações, tecnologia, finanças e auditoria) de 67 territórios que forneceram sua visão sobre o status e a direção do risco em suas organizações. Essas respostas provêm de uma variedade de setores e empresas de diferentes tamanhos – cerca de um quarto delas corresponde a organizações com receitas de mais de US$ 5 bilhões.

A PwC Research, do Centro de Excelência da PwC Global para insight e pesquisa de mercado, realizou esta pesquisa

Contatos

Francisco  Macedo

Francisco Macedo

Sócio e líder de Serviços de Riscos, PwC Brasil

Tel: +55 (11) 97247 3587

Andre  Pannunzio

Andre Pannunzio

Sócio, PwC Brasil

Tel: +55 (11) 98426 4115

Marcos Panassol

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Sócio, PwC Brasil

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Luiz  Ponzoni

Luiz Ponzoni

Sócio, PwC Brasil

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