A IA e a IA generativa oferecem novas oportunidades estratégicas e riscos, tanto operacionais como de reputação, que precisam ser gerenciados. O conselho tem um papel a desempenhar na supervisão de sistemas de IA confiáveis para ajudar a proteger a empresa e, ao mesmo tempo, agregar valor.
A inteligência artificial está dominando o noticiário. A tecnologia existe de várias formas há décadas – e é utilizada rotineiramente nas empresas há quase o mesmo tempo – mas a convergência da computação em nuvem com o processamento computacional de alta velocidade e dados onipresentes aumentou drasticamente o acesso à IA e sua utilização.
A IA generativa, incluindo ChatGPT, Bard e DALL-E 2, tornou-se tema de conversas em todos os lugares, desde mídias sociais até discussões estratégicas. Os executivos da alta administração e os conselheiros buscam se atualizar sobre os avanços recentes em IA e, a cada dia, as empresas vão descobrindo novas e sofisticadas aplicações.
67% dos CEOs no Brasil (49% no mundo) acreditam que inovações tecnológicas, como a IA, terão um grande impacto na lucratividade nos próximos dez anos.
A maioria das empresas provavelmente continuará a expandir o uso da IA e a explorar as possibilidades da IA generativa. O papel do conselho é supervisionar a administração, se concentrar na forma como essas tecnologias podem impactar a estratégia corporativa e como os riscos – especialmente aqueles que são de missão crítica ou que ameaçam a reputação – são gerenciados em toda a empresa. Eles devem fazer isso sem limitar a inovação. Para fornecer orientação adequada a suas empresas, os conselhos precisam compreender o potencial dessa tecnologia e suas limitações. Há quatro principais iniciativas que os conselhos devem tomar em relação à IA e à IA generativa:
Como ponto de partida, os conselhos precisam aumentar o conhecimento de seus membros sobre IA e IA generativa, aproveitando tanto os recursos internos como externos, para se manterem atualizados sobre as capacidades crescentes das tecnologias, acompanhar os novos casos de uso e saber como os modelos de negócios estão mudando, assim como os riscos envolvidos e o uso responsável.
Ao abordar a IA e a IA generativa, os conselheiros precisam pensar na tecnologia e na sua utilização a partir de uma perspectiva empresarial. Como acontece com muitas outras áreas que o conselho supervisiona, seu papel é fazer boas perguntas à administração (alguns exemplos são partilhados neste relatório) e questioná-la quando apropriado. À medida que o conselho aborda a IA e a IA generativa, ele pode avaliar se precisa de conjuntos de competências adicionais ou se deve confiar nas competências da equipe de administração ou recorrer a terceiros.
Os conselhos devem debater com a administração os benefícios e custos gerais para a empresa. Em relação aos benefícios, é uma questão de repensar como as coisas são feitas – como os funcionários trabalham, como os clientes se envolvem, o que você vende e como você compete. Talvez seja preciso custear o treinamento e a atualização dos funcionários em toda a empresa em IA e IA generativa, à medida que a administração procura desenvolver uma cultura que incentive os funcionários a aprender novas habilidades — e que estimule a rapidez e a inovação para capturar novas oportunidades.
Um modelo de governança que promova a prestação de contas é fundamental, a começar pela compreensão de quem é o responsável pela governança da IA dentro da empresa. Um modelo eficaz permite que a organização avalie os benefícios únicos e os riscos associados a uma tecnologia específica e aos casos de uso individuais.
Conforme as empresas delineiam suas estratégias de adoção da IA e os casos de uso empresarial que a administração vai priorizar, uma ampla transformação digital talvez seja necessária em toda a organização, exigindo um investimento considerável. Diante de um investimento significativo para a transformação da empresa, é recomendável que o conselho entenda a estratégia e o plano de transformação digital relacionados à IA e como essa tecnologia se alinha com a estratégia de negócios.
O conselho também deve examinar como a empresa comunica sua trajetória de IA, tanto interna quanto externamente para os stakeholders. Ele deve se concentrar nas mudanças estratégicas que a administração está fazendo para permanecer relevante e competitiva no ambiente de negócios em rápida mudança e nas precauções adotadas para proteger funcionários, clientes, a organização e os stakeholders.
A IA poderá contribuir com até US$ 15,7 trilhões para a economia global até 2030. Quem receberá a maior parte desse prêmio? Aqueles que assumirem a liderança agora.
A IA e a IA generativa continuarão a proporcionar às empresas oportunidades para ampliar suas aplicações e inovações – e mais motivos para que elas se mantenham atentas aos riscos, ao custo-benefício e aos requisitos regulatórios. E enquanto as empresas buscam formas responsáveis de utilizar essa tecnologia e estabelecer confiança em suas aplicações, os conselhos, como sempre, terão um importante papel de supervisão e orientação a desempenhar.
Sócia líder de Transformação Digital & Inteligência Artificial, PwC Brasil
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