Esperanças e temores 2021

As opiniões de 32.500 trabalhadores

Os trabalhadores querem mais habilidades digitais, mais inclusão e mais flexibilidade

Em uma das maiores pesquisas globais com trabalhadores, os entrevistados se revelaram otimistas, mas também expressaram alguns temores. Eles dizem estar animados ou confiantes quanto ao futuro. A maioria acredita que pode enfrentar os desafios da automação, algo que ficou provado durante a pandemia, quando eles aprenderam novas habilidades digitais e se adaptaram rapidamente ao trabalho remoto. Mesmo assim, muitas pessoas acham que seu emprego está em risco e metade dos entrevistados sente que perdeu oportunidades de carreira ou de treinamento devido à discriminação.

A PwC se empenha em lançar luz sobre questões que envolvam a exclusão digital e os benefícios sociais e econômicos de uma colaboração público-privada maior no processo de upskilling e requalificação. Há muito a fazer para criar locais de trabalho mais inclusivos e com maior diversidade, que permitam a todos oferecer o que têm de melhor.

 

As pessoas estão preocupadas com a segurança no emprego

  • 60% estão preocupados com o fato de a automação estar colocando muitos empregos em risco.
  • 48% acreditam que o emprego tradicional não existirá no futuro e que venderemos nossas habilidades em curto prazo para quem precisa delas.
  • 56% acham que poucas pessoas terão empregos estáveis e de longo prazo no futuro; esse resultado sobe para 81% na Índia.
  • 61% acham que seu governo deve agir para proteger empregos. Esse sentimento é mais agudo entre os jovens de 18 a 34 anos (66%) do que entre aqueles com mais de 55 anos (51%).
  • 39% acreditam que seu trabalho provavelmente se tornará obsoleto em cinco anos.

A lição que fica

A pandemia já afetou indústrias inteiras, contribuindo para aumentar a ansiedade das pessoas quanto ao futuro.

À medida que as empresas aceleram seus planos de automação e muitos empregos continuam remotos, empregados de todos os setores precisarão adquirir novas habilidades para conseguir pensar e trabalhar de maneiras diferentes. O amanhã não é um destino fixo. Precisamos planejar para viver futuros dinâmicos, não estáticos.

Trabalhadores querem se requalificar

  • 40% dos trabalhadores melhoraram suas habilidades digitais durante a pandemia.
  • 77% estão prontos para aprender novas habilidades ou fazer uma reciclagem completa.
  • 74% veem o treinamento como uma questão de responsabilidade pessoal.
  • 80% estão confiantes em poder se adaptar a novas tecnologias adotadas em seus locais de trabalho. A grande maioria das pessoas na Índia (69%) e na África do Sul (66%) diz estar muito confiante, mas apenas 5% no Japão afirmam o mesmo.
  • 46% das pessoas com pós-graduação dizem que seu empregador oferece oportunidades de melhorar suas habilidades digitais, mas apenas 28% dos que têm ensino médio completo dizem o mesmo. Nos setores de varejo e transporte, nos quais é maior o risco de disrupção, os percentuais são de apenas 25% e 20%, respectivamente; entre os bancários, o índice é de 42%.
  • Os mais jovens têm duas vezes mais probabilidade que os mais velhos de conseguir oportunidades de melhorar suas habilidades. E as pessoas nas grandes cidades têm 1,5 vez mais chance do que as que vivem em cidades pequenas.
  • 49% dos entrevistados estão focados no desenvolvimento de habilidades empreendedoras para abrir seu próprio negócio, uma tendência que é mais elevada na Arábia Saudita (82%), África do Sul (82%), Índia (79%) e Catar (79%).

A lição que fica

Como uma das surpresas positivas da pandemia, as pessoas que tiveram chance provaram ser possível fazer uma transição rápida para o trabalho remoto, mantendo a produtividade alta. 

Quando há acesso, os trabalhadores têm interesse em se requalificar conforme necessário, mas as disparidades no acesso ao treinamento permanecem. Aqueles que mais precisam de habilidades digitais ainda são os menos propensos a obtê-las. Se essa tendência continuar, corremos o risco de aumentar a exclusão digital. Os líderes precisam criar oportunidades mais inclusivas de upskilling.

“Se os padrões atuais de acesso a treinamento persistirem, o upskilling aumentará a desigualdade social, quando deveria ser exatamente o oposto.”

Bhushan SethiLíder global adjunto de Pessoas e Organização, PwC Estados Unidos

A discriminação no trabalho está travando o crescimento profissional das pessoas

  • 50% dos trabalhadores afirmam ter enfrentado discriminação no trabalho, o que os levou a perder chances de avançar na carreira ou participar de treinamento. 
  • 22% foram preteridos por sua idade – isso afeta trabalhadores mais jovens da mesma forma que os mais velhos.
  • 13% relatam perda de oportunidades devido à etnia.
  • 14% dos trabalhadores sofreram discriminação baseada em gênero, sendo as mulheres duas vezes mais propensas do que os homens a denunciar discriminação de gênero.
  • 13% relatam discriminação baseada na classe social ou origem.

A lição que fica

A pandemia expôs as desigualdades raciais e as tensões sociais em todo o mundo. Também reverteu o avanço rumo à igualdade de gênero, já que muito mais mulheres do que homens deixaram o mercado de trabalho no último ano. Ao mesmo tempo, muitos trabalhadores mais jovens não têm oportunidades de ascensão em uma organização.

Há necessidade real de abrir um diálogo genuíno e totalmente inclusivo sobre como desenvolver locais de trabalho mais diversificados e orientados por um propósito. As empresas precisam fazer perguntas difíceis e considerar as respostas que estão obtendo. E não apenas porque é a coisa certa a fazer. Também é bom para os negócios. Uma força de trabalho diversificada e esforços conscientes de inclusão promovem melhores resultados – por meio de diferentes perspectivas, pensamento criativo e colaboração aberta – que podem levar ao desenvolvimento econômico mais amplo de nossa sociedade e beneficiar a todos.

As pessoas querem trabalhar para empresas orientadas por propósito – mas não a qualquer preço

  • 75% dos entrevistados desejam trabalhar para uma organização que faça uma contribuição positiva para a sociedade. Esse sentimento é especialmente acentuado na China (87%), Índia (90%) e África do Sul (90%). 
  • Se forçados a escolher, 54% dizem que escolheriam maximizar a renda, enquanto 46% dizem que escolheriam um emprego que fizesse diferença em vez do que desse mais dinheiro.
  • 57% das pessoas entre 18 e 34 anos optariam por maximizar sua renda.

A lição que fica 

A grande maioria das pessoas deseja um emprego com um propósito. Não se trata apenas de atrair jovens talentos: essa questão é importante para pessoas de qualquer idade. Mas as realidades econômicas, é claro, também têm um impacto. Por isso é importante pensar sobre como o propósito e o sucesso econômico funcionam em conjunto.

“Focar no impacto social e maximizar o lucro não são mutuamente exclusivos. Ser uma empresa orientada por um propósito pode realmente ajudar a impulsionar seus resultados financeiros.”

Peter BrownLíder global adjunto de Pessoas e Organização, PwC

Há demanda por trabalho remoto

  • Apenas 9% das pessoas que podem trabalhar remotamente desejam voltar a se deslocar para um ambiente de trabalho tradicional em tempo integral.
  • 72% dos entrevistados que podem trabalhar remotamente dizem que preferem uma mistura de trabalho presencial e remoto.
  • 19% ficariam felizes em não retornar ao escritório de forma alguma e trabalhar sempre remotamente.
  • Trabalhadores em áreas metropolitanas (66%) são mais propensos a desempenhar funções que permitiriam o trabalho remoto do que aqueles em áreas rurais (44%). 
  • 51% acham que os avanços tecnológicos transformarão a maneira como as pessoas trabalham nos próximos três a cinco anos.
  • 44% dos trabalhadores permitiriam que o empregador usasse tecnologia para monitorar seu desempenho no trabalho, incluindo sensores e dispositivos wearable; 31% são contra. 
  • 41% dos entrevistados dizem que não desejam dar ao empregador acesso a seus dados pessoais, como perfis de mídia social, mas 35% estão dispostos a fazer isso. 

A lição que fica

Uma porcentagem extremamente baixa de pessoas que descobrem poder trabalhar remotamente deseja voltar ao escritório em tempo integral. Diante disso, a maioria das empresas está planejando manter pelo menos algum trabalho virtual ou horário flexível. Mais da metade espera que o trabalho remoto seja uma parte permanente de sua estratégia para a força de trabalho. Isso exigirá diferentes tipos de espaço físico.

Enquanto os líderes reinventam os escritórios do futuro, esperamos que o foco dessa iniciativa seja aumentar o espaço onde as pessoas possam iniciar, desenvolver e fortalecer relacionamentos. Onde possam vivenciar a cultura e a marca. E, claro, onde as equipes se reúnam para fazer brainstorm, colaborar e resolver problemas.

“O trabalho remoto será parte de como faremos negócios no futuro. Com investimentos contínuos em tecnologia, a colaboração virtual se tornará uma parte integrante da experiência do empregado.”

Chaitali MukherjeeLíder de Pessoas e Organização, Upskilling e Transformação de RH, PwC Índia

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Marcos Panassol

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