ESG para executivos de finanças

Pesquisa da PwC e do IBEF-SP avalia a percepção do CFO sobre a importância dos temas ESG nas organizações

Os últimos três anos foram marcados por avanços significativos dos temas ESG. Esse movimento impulsionou os diversos stakeholders a buscar mais transparência e padronização nas informações não financeiras divulgadas pelas empresas. Medir e comunicar planos e avanços passou a ser tão importante para as organizações quanto gerar resultados econômicos.

A pauta ESG está cada vez mais próxima do executivo de finanças (CFO), o que leva à reflexão sobre qual é a percepção dele em relação aos temas de sustentabilidade nas organizações, assim como seu próprio papel no desenvolvimento dessa agenda e na consequente geração de valor.

Para avaliar a percepção dos executivos de finanças sobre a importância dos temas ESG nas organizações e o seu papel para o desenvolvimento dessa agenda, a PwC Brasil e o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) realizaram um estudo, entre maio e junho de 2022, com CFOs de empresas brasileiras de diferentes portes e setores, que representam 80 organizações.

“O objetivo desta pesquisa é trazer, de forma inédita, a percepção do CFO sobre o seu papel para o desenvolvimento da agenda ESG e outras questões relacionadas ao tema que afetam o dia a dia das organizações.”

Maurício ColombariSócio e líder de ESG da PwC Brasil

Destaques

Aspectos ambientais

  • 79% dos participantes da pesquisa consideram os riscos climáticos relevantes ou muito relevantes.
  • 26% apontam a ausência de dados como a principal dificuldade nas discussões sobre as questões climáticas, seguida pela falta de conhecimento (20%) e pelo pouco interesse em governança (16%).
  • Mais de 60% indicam que suas empresas não têm indicadores de sustentabilidade claros e harmonizados de acordo com padrões internacionalmente aceitos.
  • Apenas 10% indicam que suas organizações usaram instrumentos de dívida baseados em temas de sustentabilidade. 
  • 64% estão envolvidos na execução da estratégia ESG em sua organização.
  • Apenas 23% informam que suas organizações têm um processo maduro para medição dos temas socioambientais com indicadores, KPIs e metas claramente definidos.

Aspectos sociais

  • 99% dos respondentes consideram o papel do executivo de finanças em temas relacionados ao pilar social relevante ou muito relevante.
  • 50% afirmam que sua organização tem um programa de inclusão e diversidade claramente estruturado com apoio de especialistas.
  • Mais da metade dos executivos de finanças afirmam que investimentos nas comunidades e no entorno das organizações não são feitos ou são insuficientes.
  • 47% afirmam que as organizações não têm mecanismospara quantificar os impactos dos investimentos sociais.
  • 79% entendem que os incentivos fiscais são relevantes ou muito relevantes para o avanço da agenda ESG.
  • Apenas 20% dizem que as empresas divulgam informações sobre a transparência fiscal em seus relatórios de sustentabilidade.

Aspectos de governança

  • Apenas 31% dos participantes consideram a estrutura de governança adequada para tratar de temas socioambientais.
  • Quase metade diz que a ausência de um programa claramente definido ou a dificuldade de tangibilizar o que o ESG representa para a organização são os principais desafios.
  • Mais de 80% não estão confortáveis com a forma como as organizações incorporam os riscos socioambientais nos programas de gestão de riscos corporativos.
  • Mais de metade diz que sua empresa não monitora os riscos socioambientais da cadeia de valor ou não sabe responder sobre o tema.
  • 35% dizem que suas empresas não emitem nem pretendem emitir relatórios de sustentabilidade.
  • Quase metade entende o seu papel como protagonista nos temas ESG.

Desafios e oportunidades para construir uma narrativa ESG

A padronização das informações a serem medidas e divulgadas, com recorrência e consistência, e a necessária validação independente são ações fundamentais para dar vida à narrativa das empresas que publicam sua intenção de aderir à pauta ESG. 

É fundamental também manter o foco nos temas que são relevantes e estratégicos e que correspondem à crescente demanda dos stakeholders por informações assertivas sobre atuação e desempenho das organizações. Esse conjunto de ações é que, de fato, vai confirmar a real integração das práticas ESG ao propósito e à estratégia da empresa.

Os desafios e oportunidades para o executivo de finanças incluem os seguintes temas:

Definição e padronização de KPIs, assim como aprimoramento de processos e controles para apuração e compilação de informações não financeiras
Novas demandas para acesso ao mercado de capitais, que exigem maior transparência na identificação e divulgação de riscos e oportunidades relacionados aos temas de sustentabilidade
Oportunidades de captação por meio de finanças verdes
Gestão de riscos socioambientais, com sua incorporação no processo de gestão de riscos corporativos
Gestão de compromissos e metas socioambientais, assim como da qualidade dos planos de ação
Novos frameworks de divulgação, que introduzam novos requisitos, assim como a conexão com as demonstrações financeiras

Quanto mais cedo as empresas incorporarem o ESG à estratégia, maiores as chances de sucesso

Reportar e gerenciar metas financeiras e não financeiras relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança são tarefas cada vez mais relevantes e urgentes. Ratings, índices, ERM e normas IFRS relacionadas à responsabilidade social corporativa devem estar na pauta do CFO, e o momento atual é propício para aprender e fazer parte da mudança.

O executivo de finanças deverá estar atento a como essas questões impactam os negócios, no curto e médio prazos, e a como incorporá-las na estratégia e na declaração de propósito da organização. O futuro depende de uma postura ativa sobre o tema ESG e exige do CFO um papel preponderante nesse novo ambiente, como um ente essencial no acompanhamento e na adoção de práticas sustentáveis.

É necessário levar a discussão a todos os stakeholders internos e externos à organização com informação coerente e de qualidade, sempre que possível lastreada e combinada com as demonstrações financeiras. Além disso, faz parte do papel do executivo de finanças tangibilizar as oportunidades (de investimento, incentivo fiscal etc.) relacionadas a ESG dentro da empresa.

“Como nos negócios em geral, a visão estratégica e mais pragmática do CFO, combinada à sua capacidade de avaliação de riscos e oportunidades financeiras, deve também ser incorporada à temática ESG. O sucesso nessa área definirá o futuro da companhia. É importante que esse tema seja tratado de forma coerente, sem exageros, e que realmente traga benefícios para todos os envolvidos.”

Meily FrancoVice-presidente do IBEF-SP

Contatos

Mauricio Colombari

Mauricio Colombari

Sócio e líder de ESG, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

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