As empresas estão investindo na sustentabilidade como um pilar fundamental de suas estratégias e trabalhando para comunicar suas intenções com clareza. No entanto, uma métrica-chave tem permanecido, em grande parte, ausente das conversas sobre aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês): os tributos.
A abordagem tributária de uma empresa não deve ser encarada apenas como uma questão de conformidade. No contexto das demandas ESG, esse tema está se tornando um poderoso indicador de como a empresa vê seu papel na sociedade e do quanto está comprometida com seu propósito.
Estamos diante de uma oportunidade de reformular os relatórios tributários como uma comunicação positiva para os negócios. Essas divulgações precisam alcançar um público cada vez mais amplo, como consumidores e empregados, e devem abranger temas como estratégia e governança, além de números.
Os tributos costumam ser a maior contribuição de uma empresa para a sociedade. É com eles que os governos se financiam para arcar com os custos de serviços e obras públicas. São um elemento crítico, portanto, do “S” e do “G”, podendo ser também do “E” da agenda ESG.
Nesse estudo, apresentamos os resultados de uma pesquisa que realizamos com 120 executivos de empresas brasileiras para avaliar como a questão ESG vem sendo abordada do ponto de vista tributário. Indicamos também quatro aspectos importantes para as empresas construírem uma narrativa fiscal que conecte suas práticas tributárias com seus valores e estratégias, demonstrando publicamente um compromisso com os pilares ESG, além de um framework para ajudar a orientar as empresas a desenvolver uma abordagem que maximize os benefícios da transparência tributária.
Uma abordagem cuidadosa de transparência e governança tributária é importante para as empresas que estão se aprofundando na divulgação de seus impactos ESG e na construção de confiança com seus públicos. Ela exige que a empresa formule sua estratégia tributária da forma mais clara possível.
As empresas que buscam construir uma narrativa fiscal que conecte suas práticas tributárias com seus valores e estratégias, demonstrando publicamente um compromisso com os pilares ESG, devem considerar os seguintes aspectos:
Conselhos, equipes de liderança gerencial e responsáveis pelas áreas tributárias precisam entender a situação fiscal da empresa não apenas do ponto de vista do acionista, cujo interesse são as demonstrações financeiras consolidadas, mas também da perspectiva dos investidores, com foco em ESG, e dos empregados, da sociedade civil e das autoridades fiscais. Isso requer tempo e recursos porque os tributos são complicados e sofrem constantes alterações.
Os departamentos tributários precisam interagir com toda a empresa para alinhar a estratégia tributária com uma estratégia corporativa mais ampla. A revolução ESG mudará a forma como as empresas operam em todos os setores. Quase todas as decisões de negócios têm impactos tributários, que deverão ganhar destaque nas divulgações mais abrangentes que os relatórios ESG provavelmente exigirão. Antecipar esses impactos ajudará as empresas a entender e desenvolver a narrativa tributária sobre essas transformações de longo prazo.
Divulgações sobre tributos geralmente são lidas por pessoas que não entendem por completo complexidades tributárias e questões de conformidade. Esforçar-se para desenvolver uma narrativa tributária que pode evitar mal-entendidos e gerar confiança é fundamental. É essencial considerar como a sua empresa é percebida quando suas decisões tributárias são vistas pelas lentes ESG dos stakeholders.
Os líderes empresariais devem refletir sobre como se comparam ao longo do tempo com seus pares e levar isso em consideração na elaboração de seus relatórios fiscais. As empresas líderes nesse tema devem prestar atenção às mudanças nas visões dos stakeholders, às novas métricas e aos requisitos de relatórios – por exemplo, a inclusão de temas fiscais nas pontuações ESG das agências de classificação de risco e regulamentações sobre responsabilidade social corporativa, como a da União Europeia.
Para ajudar a orientar as empresas no processo de reflexão necessário para desenvolver uma abordagem que maximize os benefícios da transparência, criamos um framework. Ele abrange uma série de questões a serem consideradas sobre os riscos e oportunidades de fazer divulgações fiscais voluntárias mais detalhadas. Nossa abordagem está estruturada em quatro grandes categorias: