6 Tecnologias dentro da porteira que estão no radar de empresas e cooperativas do agronegócio

Agricultura de precisão e ESG lideram tendências de investimento, segundo pesquisa do PwC Agtech Innovation

Por Fernanda Cavalcante

Para atender à crescente demanda global de uma população em constante expansão, o agronegócio enfrenta o desafio de produzir mais sem abrir novas áreas agrícolas. Nesse contexto, a adoção de tecnologias dentro da porteira torna-se essencial para aumentar a eficiência produtiva e reduzir desperdícios. 

Esse movimento ganha mais força com inovações que redefinem a produção no campo. Agricultura de precisão, soluções de ESG não são apenas tendências, mas ferramentas estratégicas que permitem aos produtores rurais maximizar a produtividade e otimizar recursos, garantindo um manejo mais sustentável.

Para compreender como empresas e cooperativas estão se adaptando a esse cenário, o PwC Agtech Innovation lançou a pesquisa “Termômetro da inovação aberta no agro”, que analisou a maturidade da inovação no setor, destacando áreas de investimento antes, dentro e depois da porteira. Essa divisão permitiu avaliar como as inovações transformam o agro em diferentes etapas da produção. Este artigo, traz inovações em alta dentro da porteira.

Principais Frentes de Investimento

A pesquisa identificou seis áreas prioritárias de investimento entre 86 empresas e cooperativas do setor agropecuário participantes, sendo elas:

  • Agricultura de precisão (69%)

  • Soluções para descarbonização e ESG (55%)

  • Sistemas de gestão e integração de dados (54%)

  • Tecnologias para aplicação de insumos (52%)

  • Drones e sensoriamento remoto (48%)

  • Produtos biológicos (45%)

Essa perspectiva das organizações reflete a busca por uma produção mais eficiente e sustentável. A seguir, são detalhados cada um desses segmentos e destacadas startups que oferecem soluções para suprir as demandas do produtor rural.

Agricultura de Precisão: Dados e Eficiência no Campo

Quando o assunto é tecnologia no campo, a agricultura de precisão (AP) se destaca como uma das principais frentes de investimento. Na pesquisa do PwC Agtech Innovation, quase 70% dos respondentes consideram esse pilar essencial no momento de investir em inovação dentro da porteira.

Segundo a International Society of Precision Agriculture (ISPA), a AP é uma estratégia que usa dados para orientar a tomada de decisão no campo. Embora seja uma abordagem gerencial, sua aplicação depende de tecnologias como sensores, sistemas de geolocalização e inteligência artificial. 

Essa mudança marca uma transição do modelo tradicional, baseado em médias históricas, para uma gestão orientada por dados em tempo real, que permite decisões mais rápidas e precisas. Soluções que auxiliam nessa transformação também foram destaque na pesquisa:

  • Sensoriamento Remoto e Drones

O sensoriamento remoto é uma das tecnologias que impulsionam a agricultura de precisão, permitindo o monitoramento detalhado de lavouras e solos sem a necessidade de contato direto. Por meio de imagens capturadas por satélites, drones e sensores avançados, é possível monitorar parâmetros como umidade do solo, biomassa, e estado fisiológico das plantas com alto grau de precisão. Dispositivos com câmeras multiespectrais e sensores térmicos fornecem dados, como níveis de estresse hídrico, incidência de pragas e variações fenológicas nas culturas. Algumas das soluções tecnológicas já implementadas no campo incluem:

Cyan Agroanalytics: foca no monitoramento climático, oferecendo uma plataforma que analisa variáveis como temperatura, balanço hídrico e NDVI para apoiar a tomada de decisão; 

Cropman: utiliza inteligência artificial para análise proximal e remota do solo, mapeando zonas de manejo e possibilitando uma aplicação mais precisa de insumos; 

XFarm: combina sensores e dados de satélite para fornecer um acompanhamento em tempo real da lavoura, ajudando produtores a ajustarem estratégias de irrigação, fertilização e controle de pragas de forma mais eficiente.

  • Tecnologias para Aplicação de Insumos

A disponibilidade de dados georreferenciados no campo permitiu avanços significativos na aplicação de insumos, tornando o processo mais preciso e eficiente. Máquinas com tecnologia de aplicação variável ajustam automaticamente a dosagem de defensivos e fertilizantes conforme a necessidade específica de cada área. Drones equipados com sensores realizam pulverizações localizadas, ideais para áreas de difícil acesso ou culturas de alto valor. Já aeronaves agrícolas utilizam mapas de prescrição para aplicação em taxa variável, ajustando a quantidade de insumos conforme a demanda específica do talhão, reduzindo desperdícios e impactos ambientais. Algumas das soluções das startups do ecossistema do PwC Agtech Innovation incluem:

Smart Sensing: startup detentora de um sistema capaz de identificar a presença de ervas daninhas e realizar a pulverização apenas sobre elas, minimizando o uso de herbicidas na produção.

Perfect Flight: fornece rastreabilidade na aplicação aérea de insumos, garantindo controle preciso das operações e maior conformidade ambiental.

  • Sistemas de Gestão e Integração de Dados

Com a digitalização do setor agrícola, integrar e analisar dados provenientes de sensores, drones e máquinas conectadas tornou-se um desafio complexo. A variedade de formatos e frequências de atualização, além da necessidade de compatibilidade entre diferentes sistemas, dificulta esse processo. Nesse contexto, as plataformas de gestão são essenciais para consolidar essas informações e transformá-las em insights valiosos, permitindo decisões mais estratégicas.

Um exemplo de solução é a tecnologia oferecida pela SmartBreeder, que integra big data, inteligência artificial e aprendizado de máquina para otimizar a coleta de dados, o planejamento, a logística e as recomendações. Integrando as informações de toda a produção agrícola.

Descarbonização e ESG: Rumo à Produção Sustentável

Com a crescente demanda por práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), o agronegócio tem expandido suas iniciativas. No aspecto social, projetos voltados à capacitação e ao acesso à educação, saúde e entretenimento impactam tanto os colaboradores quanto as comunidades rurais. Em governança, rastreabilidade e transparência se tornaram essenciais, permitindo que os consumidores acompanhem a origem dos produtos e as práticas éticas de produção.

No pilar ambiental, práticas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto e rastreabilidade digital contribuem para a redução da pegada de carbono e maior transparência na cadeia produtiva. Além disso, essas soluções agregam valor à produção, atendendo às exigências de mercados mais rigorosos.

Startups que estão impulsionando essa tendência:

BrCarbon: desenvolve projetos de conservação florestal e restauração ecológica por meio do mercado de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

LandPrint: transforma dados sobre o impacto ambiental das fazendas em ativos financeiros, facilitando a adoção de práticas regenerativas.

SeaCarbon: utiliza extratos de algas marinhas como matéria-prima para biofertilizantes. Esses extratos não só beneficiam as lavouras, mas também ajudam a absorver carbono e reciclar matéria orgânica e mineral dos oceanos.

Os produtos biológicos são parte das práticas de ESG e foram destacados na pesquisa PwC Agtech Innovation, na qual 45% dos respondentes indicaram interesse em investir nesse tipo de tecnologia no âmbito interno.

  • Produtos Biológicos

Os bioinsumos se destacam como alternativa aos insumos químicos, sendo aplicados em diferentes etapas do processo agropecuário, como produção, armazenamento e beneficiamento. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil é líder global na utilização de bioinsumos, como inoculantes, biofertilizantes e soluções biológicas para controle de pragas. 

No hub, existem startups que operam de forma diversificada nessa área, fornecendo soluções inovadoras e personalizáveis para atender às necessidades específicas do setor agro. Entre elas:

Biomcrop: oferece solução on-farm, que consiste na fabricação de insumos biológicos diretamente na fazenda, sem a necessidade de transporte ou processamento externo. Com o programa 3Bs, criado pela biotech, eles oferecem um sistema 100% automatizado para multiplicação de microrganismos.

Gênica: foco em inovação biotecnológica para o agronegócio, desenvolve uma variedade de produtos, incluindo biodefensivos, inoculantes e bioestimulantes.

Ideelab Biotecnologia: se concentra no desenvolvimento de bioprodutos customizáveis, atendendo às necessidades específicas do setor agro, desde a pesquisa até a produção.

O Futuro da Inovação Dentro da Porteira

A agricultura de precisão e as práticas sustentáveis estão redefinindo a produção agrícola, tornando-a mais eficiente e adaptada às novas demandas do setor. O uso estratégico de dados, a automação e as soluções biológicas não apenas otimizam a produtividade, mas também preparam o campo para desafios complexos, como as mudanças climáticas.

No próximo artigo, exploramos as inovações depois da porteira, que impactam a logística, rastreabilidade e distribuição de produtos agrícolas. Acompanhe para descobrir as tecnologias que estão moldando o futuro do agro!

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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