Da esquerda para a direita, Thomaz Lemos, COO, e Carlos Ribeiro, CEO da Sensix
Por Fernanda Cavalcante
Em maio de 2023, a Sensix fechava uma rodada de R$ 4,9 milhões via plataforma de crowdfunding Captable e espera, para o final do ano, alcançar o breakeven. A startup, de Uberlândia (MG), é detentora de uma plataforma de gestão de dados para o agronegócio e se propõe a entregar ao produtor informações que sirvam de insumo para sua tomada de decisão, usando tecnologia. O Agtech Innovation News teve a oportunidade de conhecer mais sobre a solução durante o World Agri-Tech Summit, evento de inovação realizado anualmente em São Paulo (SP).
A Sensix combina dados de análise de solo, pluviometria, rentabilidade, maquinários, drones e satélites, e conta com um empurrão da inteligência artificial para processar os dados de forma a gerar insights que prometem fazer a diferença no bolso dos agricultores safra após safra.
Segundo Carlos Ribeiro, CEO da Sensix, a plataforma acompanha o desenvolvimento de cada ciclo no detalhe, começando com a análise de solo e sugerindo a aplicação de fertilizantes e corretivos. Também acompanha o crescimento das culturas, identificando prematuramente problemas com doenças, umidade do solo e biomassa.
O modelo de negócio é baseado em uma licença anual, vinculada à área do produtor. O valor varia conforme a cobertura do serviço, podendo ir de R$ 5 a 18 por hectare/ano. A tecnologia é voltada para lavouras de grãos, fibras e cana-de-açúcar.
“Nosso objetivo é nos tornarmos uma ferramenta one stop shop, em que o produtor precisa de não mais do que uma única tela para adicionar diferentes camadas de dados e tomar decisões”, diz Ribeiro.
O caminho para chegar ao breakeven
Hoje a startup atua tanto no mercado B2F (business to farmer) quanto no B2B (business to business), neste caso com consultorias de agricultura de precisão, que usam a ferramenta para prestar serviços aos produtores.
Para crescer entre essa base, um dos seus trunfos é a geração de retorno sobre o investimento a curto prazo. Ribeiro cita a economia gerada no caso dos insumos, que é um dos maiores custos do produtor.
“Em vez de aplicar herbicidas em toda a propriedade, a nossa ferramenta auxilia na aplicação localizada, só onde há plantas daninhas. Já tivemos clientes que economizaram mais de 80% neste custo, o que mais do que paga o investimento na nossa solução”. Usando inteligência artificial, na média, a Sensix tem conseguido reduzir em até 70% o uso de produtos químicos nas lavouras.
A startup também auxilia no aumento de produtividade, por exemplo, na cultura do algodão, em que é preciso aplicar hormônios fitorreguladores para travar o crescimento da planta e obter um produto mais homogêneo, com mais qualidade e menos resíduos. A plataforma usa imagens de satélite e de drones para fazer a aplicação de acordo com a biomassa da cultura.
“Em um exemplo na Bahia, a produtividade do algodão aumentou 10,6 arrobas por hectare na área em que se aplicou a taxa variável de insumos, em relação à área em que o produtor seguiu seu manejo habitual. Esse aumento foi equivalente, na ocasião, a mais de R$ 1 mil por hectare, com apenas uma decisão”, relata Ribeiro. Em média, o aumento de produtividade das culturas atendidas varia em 20% mais, ante o manejo tradicional.
Hoje a startup mineira atua em 10 mil fazendas, totalizando 3 milhões de hectares atendidos no Brasil e em outros cinco países da América Latina (Argentina, Paraguai, Colômbia, Guatemala e República Dominicana), e se prepara para entrar nos Estados Unidos.
O objetivo da Sensix no mercado americano é aprimorar o seu software e diluir riscos climáticos, econômicos, políticos e de mercado para o próprio negócio. “Como a sazonalidade é invertida entre o hemisfério Norte e Sul, queremos expandir nosso alcance para diminuir esses riscos”, afirma Ribeiro.