Radar Agtech Brasil 2023 identifica 1.953 agtechs, crescimento anual de 14,7%

Cada vez mais maduras, 77% das agtechs afirmou fazer parte de ecossistemas de inovação locais

Dezembro 4, 2023

Por Marina Salles

O Radar Agtech Brasil 2023— produzido pela EmbrapaSP Ventures e Homo Ludens Research and Consulting — aponta que o país já conta com 1.953 startups atuando no agronegócio. O número de startups ativas é 14,7% maior do que o registrado no Radar Agtech Brasil 2022. O levantamento mostra a distribuição geográfica das startups, sua área de atuação na cadeia, modelo de negócios dentre outros dados. 

Cada vez mais maduras, 77% das agtechs afirmou fazer parte de ecossistemas de inovação locais e a maioria delas fez referência à participação na comunidade AgTech Garage – seja na sede em Piracicaba (SP) ou no Moon Hub by AgTech Garage, em Uberaba (MG). Em relação a programas de inovação e/ou empreendedorismo, 63,5% delas já teve a experiência de integrar esse tipo de iniciativa. 

Distribuição geográfica

Por região do Brasil, o Sudeste é onde há mais agtechs (56,9%), então vem a região Sul (26%), depois o Centro-Oeste (5,8%), Norte (5,9%) e Nordeste (5,2%). Na comparação com o ano anterior, a região Norte foi a que deu o maior salto de representatividade com crescimento de 300%, passando a contar com 116 agtechs.

O Estado de São Paulo manteve a liderança em quantidade de agtechs, com 43,2% do total, correspondendo a 845 startups. Na sequência, aparecem: Rio Grande do Sul (9,9% do total, sendo 194 agtechs); Paraná (9,3%, 182 agtechs); Minas Gerais (8,6%, 169 agtechs) e Santa Catarina (6,8%, 132 agtechs).

Em termos de municípios, 12 deles concentram 46,8% do total de agtechs do Brasil. As cidades líderes são: São Paulo (385 agtechs); seguida por Curitiba (73); Piracicaba (65); Ribeirão Preto (60); Porto Alegre (55) e Rio de Janeiro (53). 

Áreas de atuação

Em 2023, o Radar Agtech Brasil identificou 331 agtechs (16,95%) atuando antes da fazenda, 815 dentro da fazenda (41,73%) e 807 agtechs depois da fazenda (41,32%). Abaixo, você confere o crescimento categoria a categoria na comparação entre 2022 e 2023:

Antes da fazenda

  • Crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária (61 ->85↑)
  • Fertilizantes, inoculantes e nutrição Vegetal (53 -> 73↑)
  • Análise laboratorial (36 -> 37↑)
  • Nutrição e saúde animal (27 -> 43↑)
  • Sementes, mudas e genômica vegetal (26 -> 36↑)
  • Genômica e reprodução animal (21 -> 22↑)
  • Marketplace de insumos para o agronegócio (18 -> 36↑)

Dentro da fazenda

  • Sistema de gestão de propriedade rural (173 -> 170↓)
  • Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados (122 -> 146↑)
  • Drones, máquinas e equipamentos (78 -> 98↑)
  • Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagens (76 -> 84↑)
  • Conteúdo, educação, mídia social (51 -> 79↑)
  • Telemetria e automação (42 -> 37↓)
  • Internet das coisas para o agro: detecção de pragas, solo, clima e irrigação (40 -> 58↓)
  • Meteorologia, irrigação e gestão de água (38 -> 40↑)
  • Controle biológico e integrado de pragas (36 -> 45↑)
  • Gestão de resíduos agrícolas (22 -> 18↓)
  • Economia compartilhada (15 -> 14↓)
  • Conectividade e telecomunicação (9 -> 16↑)
  • Apicultura e polinização (3 -> 10↑)

Depois da porteira

  • Alimentos inovadores e novas tendências alimentares (281 -> 277↑)
  • Marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários (124 -> 103↓)
  • Armazenamento, infraestrutura e logística (73 -> 68↓)
  • Mercearia online (48 -> 51↑)
  • Sistema autônomo de gerenciamento de lojas e serviços de alimentação (40 -> 44↑)
  • Restaurantes online e kit de refeições (39 -> 40↑)
  • Biodiversidade e sustentabilidade (37 -> 83↑)
  • Bioenergia e energia renovável (26 -> 35↑)
  • Indústria e processamento de alimentos 4.0 (25 -> 36↑)
  • Sistemas de embalagem, meio-ambiente e reciclagem (24 -> 27↑)
  • Plantio urbano: fábrica de plantas e novas formas de plantio (21 -> 21)
  • Segurança e rastreabilidade dos alimentos (13 -> 19↑)
  • Cozinha na nuvem e cozinha fantasma (5 -> 3↓)
Modelos de negócios

Os modelos de negócios adotados pelas agtechs variam entre o B2B (Business to Business), B2C (Business to Consumer) e B2B2C (Business to Business to Consumer), com respectivamente 75%, 43% e 33%, sendo que uma mesma empresa pode atuar em mais de uma modalidade.

Financiamento

Dentro da esfera do financiamento privado dos negócios nascentes, 71,8% das agtechs da amostra disseram ter obtido recursos provenientes de capital próprio dos fundadores, da família, amigos etc; 22,1% de investidores anjos; 17,4% de aceleradoras nacionais; 15,4% de fundos de Venture Capital e 12,8% de empréstimos. Fontes como crowdfunding (4,6%), venture building (4,1%) e aceleradores internacionais (3,1%) também apareceram na lista.

Ao considerar os financiamentos públicos, a conclusão é que a maior parte das startups não recorre aos recursos públicos (54,9%). Aqueles que sim usam geralmente buscam por editais públicos específicos para o agro (26,7%), recursos não reembolsáveis de pesquisa (18,5%), seguidos por editais públicos de negócios de impacto (7,7%), editais públicos de tecnologia para agricultura (7,2%) e editais públicos de outras áreas (4,6%). Os autores fazem o adendo de que, embora incentivos fiscais (tais como leis de apoio à inovação) tenham recebido poucas menções, esse tipo de fonte geralmente tem relevância no financiamento a startups e agtechs.

Gênero

A questão sobre a distribuição das pessoas sócias por gênero e área da empresa teve 189 agtechs respondentes. A distribuição das pessoas sócias por gênero mostrou a predominância de homens (76,9%), com uma média de 4,9 pessoas sócias por agtech.

Em relação aos colaboradores, a predominância continua sendo de homens, mas num patamar menor (61,8%), com uma média de 15,2 pessoas colaboradoras por agtech. A amostra desta questão foi de 170 respondentes.

Grupos diversos

O levantamento também questionou sobre o conhecimento acerca da presença de pessoas LGTBQIA+ na empresa e obteve 197 respostas. Destes, 44,2% declararam não conhecer; 31,0% declararam conhecer e 24,9% assinalaram a resposta “não sei”.

A questão sobre a existência de pessoas pretas, indígenas, deficientes, neurodiversas, estrangeiras, refugiadas, trans e/ou com mais de 50 anos de idade no quadro de sócios teve 195 respondentes. A resposta foi positiva, em relação à presença desses grupos nas empresas, para 64,1% dos respondentes. Ao lado, veja também a resposta quanto ao universo dos colaboradores. 

Tendências e desafios

Com relação às grandes tendências tecnológicas e de mercado, as agtechs apontam a intensificação no uso de tecnologias mais complexas. Dentre elas, é importante destacar: inteligência artificial; IoT (internet das coisas); automação; digitalização; machine learning (aprendizado das máquinas); aumento da conectividade e do uso de sensores. 

Já os grandes desafios para as agtechs se mostraram bem diversos, com destaque para a dificuldade de acessar capital, principalmente nas fases iniciais, e de escalar o negócio, além da percepção de necessidade de mudança de mindset para a efetiva inserção dos produtos ou serviços no mercado. 

Outro aspecto que merece atenção diz respeito ao desafio de encontrar profissionais devidamente qualificados para atuar nas empresas. Partindo do entendimento das agtechs de que a inserção de tecnologias de ponta é uma tendência no setor, fica clara também sua demanda por profissionais com alto grau de capacitação.

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

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