Leaf, Amazon do agronegócio, agrega dados climáticos à sua plataforma digital

Objetivo é ampliar gama de soluções que podem ser desenvolvidas por clientes da startup, atuantes em diversas frentes da cadeia produtiva

Maio 30, 2023

_{“Nós destravamos o trabalho de muita empresa que buscava um jeito eficiente de prover a visualização dos seus dados”, diz Luiz Santana, CTO e co-founder da Leaf}

Por Marina Salles e Fernanda Cavalcante

A Leaf — provedora de uma API unificada de dados do agronegócio — está adicionando uma nova camada à sua plataforma. Agora, a startup passa a contar com informações de clima, que criam novas possibilidades de desenvolvimento de soluções para seus clientes. Os clientes da Leaf são empresas de todo e qualquer tamanho, das gigantes digitais a agtechs dispostas a entregar valor para o produtor rural no campo, onde quer que ele esteja.  

Hoje, a API da Leaf atende clientes nos principais países agrícolas do mundo, da América do Norte à do Sul, passando pela Europa e Oceania, e tem forte presença sobretudo nos Estados Unidos e Brasil. 

“A nossa ideia não é resolver os problemas do agro, mas facilitar a integração de dados para que o produtor tenha acesso às respostas de que precisa para tomada de decisão nas lavouras”, diz, Luiz Santana, CTO da Leaf — que atende da Climate Field View à Aegro e DigiFarmz, além de uma centena de outras empresas digitais que movimentam mais de 0,5  petabyte de dados por semana no seu sistema conectado à AWS. 

Nova camada de inteligência 

Santana explica que esses dados, de uso autorizado pelos clientes, são oriundos de máquinas (como da Trimble, John Deere e CNH), satélites (incluindo públicos e também privados, como da Planet), drones e, agora, também de estações meteorológicas. 

“O clima é a cola dos processos no agronegócio e os dados climáticos, de estações, satélites etc, vão ajudar nossos clientes a construir e escalar uma variedade de produtos ainda maior”, afirma. “Estamos abertos a ouvir as demandas para avançar ainda mais nessa oferta daqui para frente”. 

Desenvolvedores de software usam a API da Leaf para criar soluções na área de gestão, análise ambiental e de ESG, projetos de carbono, agricultura de precisão, rastreabilidade, monitoramento de equipamentos e uma infinidade de outros casos de uso. 

“Sempre somos surpreendidos pelos nossos clientes e temos crescido na prestação de serviços para empresas de crédito”, diz, com os dados integrados via Leaf sendo usados na criação de algoritmos de score financeiro para produtores rurais na concessão de empréstimos. 

Dados como matéria-prima

Há cinco anos no mercado e com cerca de US$ 5 milhões captados com investidores (entre eles a gestora brasileira SP Ventures e as estrangeiras S2G, Radicle Growt e Cultivan Sandbox Ventures), a Leaf têm a visão de prover a infraestrutura tecnológica de dados que pode alavancar o crescimento de outras empresas.

Segundo conta Santana, que além de CTO é co-founder da Leaf, a ideia para a startup veio justamente de uma frustração do CEO, G Bailey Stockdale. Em 2018, Stockdale começou tentando empreender no agro com uma solução que usava drones e desistiu no meio do caminho porque esbarrou no desafio da integração de dados na cadeia. 

“Na minha visão e do Bailey, o problema da integração de dados sempre existirá, porque os desenvolvedores de software e hardware não estão preocupados com padrões e formatos. Um empreendedor que cria um braço robótico para colher maçãs está preocupado com a colheita de maçãs, não com os dados gerados pelo robô. O Bailey viu uma lacuna aí e trabalhamos em torno dessa oportunidade”, diz Santana.

“O que eu vejo é que nós destravamos o trabalho de muita empresa que buscava um jeito eficiente de prover a visualização dos seus dados. Agora, a onda que imagino que vai vir é de startups usando nossa infra para gerar recomendações de plantio e colheita, prever o clima, otimizar a aplicação de insumos e evitar perdas de alimentos no transporte. A Leaf tem 5 anos, mas minha sensação é de estar apenas começando”, diz Santana.