Julho 21, 2023
Piloto entre a IDGeo e o produtor Ricardo Catarin, da fazenda Novo Oriente, de Água Clara (MS), foi possível graças à iniciativa do Broto (Foto: Divulgação)
Por Marina Salles
A plataforma Broto, que nasceu para ajudar os produtores rurais a expandirem seus negócios com soluções para todas as etapas da cadeia produtiva, selecionou 10 clientes para participar de uma jornada de levantamento de desafios, fomento ao acesso à tecnologia e interação com startups de maneira profissional e estruturada. O grupo de beneficiados é de pecuaristas de gado de corte, que estão obtendo os primeiros resultados fruto do projeto em fazendas do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Com o objetivo de monitorar a oferta de pasto de modo inteligente, a startup IDGeo vem trabalhando com o grupo há quase 6 meses. De lá para cá, testes conduzidos a campo já indicam o forte potencial de lançamento de um novo produto para atender não apenas aos produtores clientes do Broto, mas de todo o mercado pecuário.
Victor Brunini Moreto, Especialista em Agronegócios do Broto, afirma que os clientes sempre demonstraram interesse em dispor de uma ferramenta digital e de fácil usabilidade para monitoramento do pasto, o que a IDGeo está comprometida em entregar. "Como Broto, temos a missão de digitalizar o agro trazendo simplicidade para o uso de tecnologias que são complexas. Porque, com os dados certos, acreditamos que os produtores conseguem entender onde, pontualmente, existe um problema e agir de forma assertiva", diz.
Durante a fase piloto e de prova de conceito, o produtor Ricardo Catarin, da fazenda Novo Oriente, de Água Clara (MS), conta que a solução da IDGeo, em etapa de desenvolvimento, já está facilitando seu dia a dia na propriedade de 850 hectares, em que mantém 1 mil cabeças de gado de recria. "Com a IDGeo, hoje a gente tem uma ferramenta que melhora nossa assertividade. A gente consegue enxergar o pasto todo, tanto do ponto de vista de ervas daninhas, ataque de pragas, como de produção de biomassa", diz.
Anteriormente, Catarin relata que decidia sobre o momento de retirar ou colocar os animais no pasto rotacionado apenas com base em uma inspeção visual, feita por ele ou pelos funcionários da fazenda. "Mas, muitas vezes, nossa análise deixava a desejar, porque a gente via só uma amostra da área e não sabia a qualidade do piquete todo", explica.
Usando imagens de radar e satélite, a IDGeo auxilia o produtor com o monitoramento em larga escala. Jorge Padua, Chefe de Operações da IDGeo (com mais de 20 anos de experiência trabalhando com agricultura de precisão e passagem pela Farmers Edge como VP de Operações Latam), afirma que a agtech viu potencial em entrar nesse novo mercado justamente porque identificou um gap de soluções aplicadas à realidade específica da pecuária de corte.
"Nas lavouras de cana, soja e eucalipto que nós atendemos, o produtor não fica sem o dado sobre a presenca de daninhas, mas faltava algo personalizado para as necessidades do pecuarista. O pecuarista também quer saber das daninhas, mas principalmente da produção de biomassa do capim". O indicador da oferta de biomassa é hoje o carro-chefe da solucão que está sendo criada pela IDGeo, e a que podem ser agregadas novas funcionalidades no futuro.
Noellen Arauio, Head Comercial da IDGeo, destaca que o desenho do produto tem sido pensado a partir dos inputs dos produtores. "Na construção da nossa tecnologia, a gente entende que precisa do conhecimento de quem está no campo para gerar valor. Assim, a informação entregue indica para o produtor e seus funcionários exatamente o que fazer, sem demandar alguém especializado" diz. Antes dessa experiência, o contato da IDGeo com a ponta se dava via grandes empresas. Direto da fazenda, segundo Noellen, as trocas também têm sido muito produtivas.
Para atender as demandas dos pecuaristas clientes do Broto, a tecnologia da IDGeo precisou ser adaptada. "Utilizando produtos que nós já tínhamos para cana e outras culturas, estamos criando algo específico para a pecuária, baseado em radar, satélite óptico e várias análises, que mostram para o pecuarista onde ele deve colocar o gado. Entre os fatores que consideramos estão a biomassa e a capacidade de suporte do piquete, se ele está em recuperação, se teve muito pisoteio ou se tem condições de receber uma lotação maior", explica.
Um dos valores da agtech, desde o início da operação, é resolver o problema do cliente com informações claras e acessíveis. "De nada adianta entregar uma imagem de satélite bruta, porque o produtor não consegue fazer nada com isso", frisa Noellen. A expectativa é que a fazenda Novon Oriente se torne modelo para estimular outros pecuaristas a aderirem à tecnologia.
Na visão de Catarin, o produto da IDGeo vem para ajudá-lo a fazer uma melhor aplicacão de herbicidas e recuperacão de pasto na hora certa, além de economizar com esses dois maneios e também investir onde há necessidade de investimento. "Tendo na mão um dado limpo, direto, e com a tecnologia sendo viável financeiramente, com certeza o produtor vai querer aderir a essa ferramenta", diz. Com o sucesso dos pilotos, a expectativa é que o lancamento comercial da IDGeo se dê nos próximos meses.