Maio 23, 2022
Por Marina Salles
Se os móveis da sua sala, banheiro, quarto e cozinha são de MDF, pode agradecer à Dexco, que em 1997 trouxe a primeira planta produtiva do material para o Brasil, em Agudos (SP), e ajudou na sua popularização como alternativa mais barata e sustentável para a produção moveleira. Naquela época, a empresa se chamava Duratex, nome também da sua marca de painéis de madeira, e já tinha no portfólio outros negócios, como o Florestal, de louças e metais sanitários (Deca e Hydra) e revestimentos cerâmicos (Ceusa e Portinari).
O reposicionamento, como Dexco, é recente e trouxe o consumidor ainda mais para perto da empresa, que continua investindo pesado em disrupções de fronteira. Nesse sentido, a Dexco anuncia a parceria com o AgTech Garage, na condição de Ecosystem Partner. O hub foi escolhido como parceiro para projetos na área Florestal, que integra a grande área de Negócios Madeira da companhia, responsável por cerca de 70% do seu faturamento.
“Acreditamos muito na floresta como base para novos negócios, e daí vem a importância da conexão com um hub do agro. O AgTech Garage nos permitirá incrementar a nossa estratégia nessa frente com qualidade, produtividade, mecanização, redução de custos e também novos usos para a madeira”, destaca Jonas Salvador, Gerente de Desenvolvimento Florestal da Dexco.
Lucas Machado Rodrigues, Coordenador de Competitividade e Inovação em Madeira na Dexco
Hoje, a companhia é controlada pela Itaúsa e pelo Bloco Seibel, tem sede administrativa em São Paulo, 21 unidades industriais e florestais no país e mais de 150 mil hectares de florestas de eucalipto e áreas de conservação. Está também à frente também da LD Celulose (via joint venture com o Grupo Lenzing) e da Caetex (joint venture criada para o plantio de florestas de eucalipto no Nordeste). Na Colômbia, a Dexco tem três fábricas de painéis.
De acordo com Lucas Machado Rodrigues, Coordenador de Competitividade e Inovação em Madeira na Dexco, a proximidade com o AgTech Garage traz a oportunidade também de expandir o olhar sobre o escopo da área florestal e trabalhar as iniciativas ESG (social, ambiental e de governança) da companhia.
“A linha que a empresa adotou é de expandir os negócios com apelo ESG, inclusive com a neutralidade em carbono, seja por meio das nossas florestas ou de um negócio auto sustentável. A última expansão no negócio de revestimentos cerâmicos, por exemplo, teve as emissões zeradas no nosso balanço global”, exemplifica.
Segundo Salvador, a Dexco está pronta para interagir com quaisquer agentes do ecossistema e prevê cooperar com startups, pesquisadores e outras empresas nas frentes florestal e de ESG. “Temos total motivação, ânimo e apoio interno da alta gestão para interagir com todos os elos do ecossistema de inovação. Buscamos soluções moldáveis aos nossos desafios, mas nada com exclusividade nem sob medida. Gostamos dessa pluralidade e de gerar benefício mútuo. Uma máquina que surja para mecanizar uma operação, por exemplo, pode ser um produto novo para nós e para o mercado”, afirma o executivo.
Ainda de acordo com ele, a empresa sempre atraiu universidades, institutos de pesquisa e participou de programas de cooperação entre empresas do setor especialmente na área de tecnologia de produtos e processos industriais. A novidade é trabalhar com a inovação aberta de forma mais profunda no setor florestal. Nesse sentido, a Dexco pretende avançar no desenvolvimento de novos produtos a partir da madeira, na transformação digital para a floresta 4.0 e na mecanização e automação de operações.
Jonas Salvador, Gerente de Desenvolvimento Florestal da Dexco
“O que nós gostamos muito da interação com os pesquisadores, por exemplo, é a crítica. É comum a gente trazer os acadêmicos para dentro da empresa para olhar nosso manejo, ver o que estamos fazendo. A contribuição deles é essencial para a longevidade dos negócios”, diz Salvador. No caso das startups, a expectativa é que a troca ocorra não somente a nível de contratação de serviços, mas de realização de mentorias com executivos e co-desenvolvimento de soluções.
A Dexco também planeja aproveitar da parceria com o AgTech Garage para capacitar seus times internos quanto à governança e gestão da inovação, segundo Rodrigues. “Essa jornada de inovação para os times internos é algo que queremos usufruir muito no AgTech Garage. Entrar nessa jornada capacitando nossos times, aprendendo e transferindo conhecimento, temos muito interesse nisso também”, afirma.
Antes mesmo de entrar para o AgTech Garage, a Dexco já havia feito, em junho de 2021, outro movimento de aproximação com o ecossistema de inovação. Para integrar ainda mais tecnologia aos seus processos, lançou um braço de Corporate Venture Capital. O objetivo do CVC da empresa é mapear potenciais disrupções dos seus negócios e produtos. Para isso, um aporte inicial de R$ 100 milhões foi destinado a investimentos em startups e scale-ups.
Até aqui, a Dexco fez a compra de participação minoritária na ABC da Construção, uma rede com 93 lojas distribuídas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Junto com a investida, trabalha nas frentes de desenvolvimento tecnológico, digital, de gestão de dados e inteligência logística, visando a maior aproximação com o consumidor final, seja na sua jornada de reforma, decoração ou construção.