Dezembro 17, 2021.
Por Marina Salles
O Programa Soja Sustentável do Cerrado — fruto da parceria entre o AgTech Garage e o Land Innovation Fund (LIF), com apoio estratégico da Embrapii —, que fomenta soluções de inovação em favor de uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa, selecionou três projetos para receber aporte financeiro do Startup Finance Facility (SFF).
Com recursos do LIF, o Startup Finance Facility dispõe atualmente de R$ 2,2 milhões aportados pela Cargill para catalisar o desenvolvimento, a testagem e a implementação de soluções inovadoras que levem inteligência, segurança e sustentabilidade à cadeia da soja no Cerrado. A iniciativa segue de portas abertas para outros parceiros também apoiarem o agronegócio sustentável.
Nesta primeira rodada do programa, as três propostas selecionadas para receber suporte financeiro foram:
“Com o Startup Finance Facility, queremos oferecer às startups selecionadas no Programa Soja Sustentável do Cerrado a possibilidade de acesso a aporte financeiro para viabilizar projetos, ações e iniciativas disruptivas para o desenvolvimento agrícola responsável, e impulsionar a formação de um portfólio de soluções inovadoras e sustentáveis para o mercado”, afirma Carlos E. Quintela, Diretor do Land Innovation Fund.
Segundo José Tomé, CEO do AgTech Garage, o Programa Soja Sustentável do Cerrado trouxe grande visibilidade para a pauta do agro sustentável dentro do hub e ganhou, rapidamente, vários adeptos. “Felizmente, a tendência é que mudanças de contexto, perspectiva de mercado e atração de novos players interessados no tema da sustentabilidade da produção no Cerrado aconteçam rápido. Para nós, o PSSC é um programa desafiador e extremamente relevante, que atraiu empreendedores de peso e está tendo muito sucesso com apoio do LIF”, afirma.
Carlos Quintela, do LIF
Na seleção das propostas para receberem recursos financeiros, foram usados critérios como: aderência ao programa PSSC; o potencial inovador do serviço ou produto das startups; a viabilidade econômica e financeira da iniciativa; a composição, função e relevância de cada startup no projeto e o conhecimento técnico e qualidade da proposta, entre outros.
Na visão de Kaio Sarti, gestor de comunidade que acompanha a realização do PSSC desde o lançamento, no início de 2021, o programa tem alto potencial de gerar impactos diretos na cadeia da soja, uma vez que o AgTech Garage promove a conexão entre startups com tecnologia de ponta, empreendedores de alto nível, experts do mercado e referências da Academia para trabalharem colaborativamente com um viés ambiental muito forte.
“O objetivo é mitigar o desmatamento e a degradação ambiental no Cerrado ao mesmo tempo em que se estimula a produção sustentável de soja. Além disso, a possibilidade de aporte dos recursos do SFF permite que entraves financeiros para a elaboração dos projetos sejam superados e que as soluções possam sair, de fato, do papel e irem a mercado”, destaca Sarti.
Kaio Sarti, do AgTech Garage
Henrique Provenzzano, Coordenador de Programas de Inovação Aberta do AgTech Garage, lembra que o PSSC terá um total de quatro ciclos de seleção de startups. Os dois primeiros aconteceram em 2021 e outros dois serão anunciados em 2022.
O encadeamento do programa se dá a partir do mapeamento de tendências e temas para a chamada de startups, abertura de inscrições, ativação da comunidade do AgTech Garage e triagem dos inscritos. No primeiro ciclo, foram selecionadas 6 startups. No segundo, 4. Ao final, a expectativa é que o programa conte com 20 participantes.
A jornada das startups junto ao AgTech Garage, LIF, Embrapii, mentores, pesquisadores e demais agentes do ecossistema de inovação tem duração de 5 meses. Ao longo do período, são realizadas atividades para conectar os empreendedores com a realidade da produção no Cerrado e pensar soluções em conjunto. Após a apresentação de suas propostas finais, as startups podem se aplicar, individualmente ou em grupo, para receber os recursos do SFF.
Provenzzano afirma que o programa fomenta a sustentabilidade por meio da preservação dos recursos naturais, da restauração da vegetação nativa e geração de valor para os produtores a partir da manutenção do Cerrado em pé.
Henrique Provenzzano, do AgTech Garage
A proposta da HyperT (Hyper Transparência) é resultado da expertise de quatro startups – AgTrace, BrCarbon, BrainAg e Um grau e meio – que uniram esforços para apresentar uma solução integrada de rastreabilidade, monitoramento e balanço de carbono.
A plataforma online em formato blockchain é capaz de traçar uma análise completa da propriedade rural, do levantamento da documentação necessária para regularização socioambiental à análise de prevenção de danos ambientais; do potencial de retorno econômico através de créditos de carbono para áreas com excedente de vegetação nativa e restauração ecológica ao estudo de risco de conversão para agricultura de áreas de reserva legal.
A ferramenta traz benefícios tanto para o produtor quanto para o mercado de commodities agrícolas. De um lado, o proprietário rural pode mensurar o valor da floresta em pé e convertê-la em créditos de carbono. Enquanto as tradings podem gerar programas de incentivo para fazendas comprometidas com as questões socioambientais.
Neste projeto, a Agrorobótica utilizará a plataforma de inteligência artificial AGLIBS, desenvolvida com tecnologia da NASA, para fazer uma análise de diferentes cenários de solo de uma das áreas de maior produtividade agrícola do país, o oeste baiano.
A proposta é mapear áreas de pastagem degradada, vegetação nativa, cultivo tradicional e manejo sustentável, para mostrar o impacto da adoção de práticas sustentáveis para o sequestro de carbono e o aumento de produtividade agrícola.
O levantamento permitirá fazer o inventário de gases de efeito estufa da região e a inserção do produtor rural no mercado voluntário de crédito carbono. Serão analisadas 2.200 amostras para carbono quantitativo e qualitativo, e 550 amostras de densidade e textura do solo.
Resultado da parceria entre as startups Plantem e Forestmatic, a iniciativa pretende incentivar a restauração e conservação do Cerrado conectando pequenos produtores rurais do Matopiba a empresas com responsabilidade socioambiental.
A proposta das startups é automatizar a compensação da pegada de carbono em atividades ou produtos da cadeia de suprimentos da soja via gatilhos operacionais ou comerciais.
Utilizando tecnologia blockchain em um dashboard amigável, a solução tecnológica fornece incentivos financeiros para a preservação do Cerrado em pé e adoção de práticas agrícolas de baixo carbono ao transferir recursos para os produtores rurais por serviços ambientais prestados.