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Autora: Gisele Sterzeck, sócia da PwC Brasil.
Como observamos em alguns países, a postergação da adoção do IFRS 17 para 2023 trouxe um alívio para as companhias seguradoras no Brasil. O fato de o regulador local ainda não ter aprovado a norma também proporciona mais tempo de adaptação para as seguradoras que devem elaborar suas demonstrações financeiras apenas de acordo com os padrões contábeis locais. Assim, elas podem se preparar melhor para adotar os conceitos do IFRS 17. Dentro das seguradoras, um dos principais desafios da aplicação do novo padrão é ter pessoas preparadas para trabalhar com ele. Com base em pesquisa da PwC realizada no Brasil no fim de 2020, 74% das seguradoras analisadas relataram que ter pessoas com as qualificações necessárias no IFRS 17 é um desafio de alto impacto para seus negócios.
Desde a faculdade, sempre me interessei em trabalhar com pesquisa em contabilidade. Esse foi o principal motivo para cursar mestrado e doutorado. Durante esse caminho, no entanto, comecei a me interessar por educação, treinamento e aulas de contabilidade. Acho muito gratificante a troca de experiências e a transmissão de conhecimento. Hoje, além de diretora de consultoria contábil na PwC Brasil, trabalhando com projetos de implementação de IFRS, sempre estou envolvida em atividades de educação e treinamento e sou professora em cursos de MBA.
Explicar o IFRS 17 tem sido um desafio. Cada vez que falo sobre isso, tanto internamente quanto em fóruns para clientes, me preocupo com a melhor forma de tentar passar esse conteúdo. É um conteúdo difícil e complexo para quem não tem muito contato ou familiaridade com o assunto.
Nesses tempos de covid-19, tenho sentido muita falta de estar nos clientes, almoçar ou tomar um café com eles. Como não estamos mais tendo reuniões presenciais, procurei a contadora de um de nossos clientes para um bate-papo via Hangouts, sobre o processo de implementação de IFRS 17 na seguradora em que ela trabalha.
Alguns comentários que achei importante ressaltar sobre os treinamentos de IFRS 17:
Por curiosidade, fiz uma busca rápida sobre qualidade na educação em contabilidade. Ao ler o artigo Quality in Accounting Education: What Say the Academics, vi alguns atributos utilizados pelos autores para mensurar a qualidade no ensino. Ao aplicá-los ao mundo dos negócios e a nosso papel como consultores de transmitir o conhecimento para nossos clientes, os dois atributos relacionados à qualidade no ensino que mais me chamaram atenção foram: “empoderamento do aluno” e “transformação do aluno”.
A transformação está relacionada ao empoderamento. Pessoas que se sentem empoderadas têm a percepção de que suas tarefas e atividades têm significado dentro das organizações. Além disso, elas são mais competentes para executar aquelas atividades e também sentem que seus esforços têm mais impacto dentro das empresas. Assim sendo, é importante passar o conteúdo da forma mais simples e clara possível. Trabalhar com exemplos que façam parte do dia a dia do cliente. Preocupar-se com a linguagem e com a forma de transmissão do conteúdo. Estar envolvido e se sentir parte do projeto. Essas têm sido as minhas maiores preocupações para conseguir desenvolver os atributos de “empoderamento” e “transformação” do aluno, que considero alguns dos mais importantes no processo de aprendizado.