Com tecnologia preditiva para combate a doenças, Pattern Ag cresce no Brasil

Estratégia de negócios passa pela construção de parcerias B2B, a fim de que indústrias e revendas possam entregar recomendações mais assertivas de aplicação de insumos aos produtores 

Abril 2, 2024

As análises das amostras de solo são realizadas pela startup no laboratório que mantém em Campinas (SP). Foto: Divulgação.

Por Fernanda Cavalcante

A Pattern Ag, startup americana especializada em tecnologia para análise da biologia do solo, está ampliando as operações no Brasil. Com foco em soja e milho, atingiu uma cobertura  de 35 mil hectares no Centro-Oeste do país, que se somam a mais de 1 milhão de hectares monitorados nos EUA. Em 2024, a expectativa é  avançar para 200 a 250 mil hectares em terras no Brasil, expandindo geograficamente seu alcance para as regiões Sul e Sudeste. 

Por meio da análise de amostras de solo, entrega dados preditivos que ajudam os agricultores na seleção de sementes, tomada de decisão sobre a estratégia de proteção de cultivos e gestão da fertilidade do solo. A tecnologia da Pattern Ag permite a detecção de mais de 20 doenças em uma única amostra, abrangendo nematóides e outras patologias subterrâneas, bem como doenças que afetam a parte aérea das plantas, mas que têm parte de seu ciclo embaixo da terra. 

A startup também identifica oito marcadores de biofertilidade, incluindo a presença de bactérias fixadoras de nitrogênio e solubilizadores de potássio e fósforo, além de indicadores de biodiversidade. Todas as análises das amostras de solo são realizadas in house, no laboratório que a startup mantém em Campinas – e que pretender quintuplicar de tamanho ainda este ano, para suportar seu crescimento no Brasil.

“Nossa tecnologia está trazendo uma nova dimensão de previsibilidade para o setor agrícola, com acurácia de 90%, possibilitando a detecção antecipada de doenças nas plantações, mesmo que sem sintomas”, diz Pedro Lian Barbieri, Gerente Nacional da Pattern Ag no Brasil. O objetivo é que, antes mesmo de plantar, o produtor tenha uma visão do desafio que pode enfrentar na safra. 

Barbieri compartilha alguns casos de sucesso com produtores, que tiveram áreas monitoradas nesse primeiro ano: “Chegamos a visitar um produtor que ia aplicar fosfato, mas com nossas análises ele percebeu que, na verdade, precisava mesmo de bactérias fixadoras de fósforo, pois o nível presente na área dele era muito baixo”, conta. Em outro caso, um produtor que colhia historicamente menos em um certo talhão descobriu pela primeira vez o seu desafio real. “Nós encontramos nematóides na área dele, fizemos o controle na última safra e a produção já aumentou em seis sacas a mais por hectare”. 

Para a coleta da amostra – que é a chave da previsibilidade entregue pela startup –, o produtor não precisa adicionar mais uma operação dentro da fazenda. A análise da Pattern Ag é realizada junto às coletas tradicionalmente feitas para análise química e física do solo, o que muda é que, além dessas informações, o produtor passa a receber um relatório mais detalhado e georreferenciado sobre a ocorrência de possíveis doenças e a classificação de risco delas (baixo, médio, alto). 

Modelo de negócio e próximos passos no Brasil

A Pattern Ag, adota o  modelo B2B, atendendo empresas com portfólio complementar às suas análises. A sua geração de valor está na identificação do problema agronômico com precisão, que possibilita aos seus parceiros fornecer soluções integradas e personalizadas para os produtores rurais.  

Além disso, os parceiros da Pattern Ag beneficiam-se do acesso exclusivo à plataforma da startup, que disponibiliza suas análises realizadas em tempo real. Com dados geolocalizados sobre a incidência de doenças, a plataforma se torna uma ferramenta para refinar estratégias de marketing e otimizar a logística de distribuição de produtos.

Barbieri destaca o foco na expansão territorial para 2024, visando não apenas o crescimento da startup, mas também a ampliação da rede de consultores parceiros, que são essenciais para aumentar a presença no mercado. Durante a expansão, a intenção é ampliar ainda o leque de culturas atendidas – incluindo além da soja e milho, o algodão. 

Além disso, outro objetivo para o Brasil é a elaboração do relatório Predictive Ag 2024, similar ao já produzido nos Estados Unidos. Neste relatório, a Pattern Ag destaca os principais insights em escala nacional, compilando todas as informações coletadas durante a safra. Este documento traz percepções sobre regiões com surtos de doenças, desafios encontrados nas propriedades e dados cruciais para a preparação das safras. 

Barbieri enfatiza que, mesmo sem a realização do relatório no Brasil, já tem sido possível extrair algumas conclusões dos dados coletados: “Estamos vendo o Fusarium em muitas áreas que até então o produtor não sabia que tinha. A podridão do carvão, que a Embrapa indica estar em crescimento, nós também observamos que vem avançando”, diz.

A expansão da startup no mercado brasileiro demonstra sua capacidade de adaptação ao contexto local. “Nossa análise é meticulosa e envolve uma série de variáveis. As diferenças entre o solo, a biologia e as doenças do Brasil e dos Estados Unidos exigiram que ajustássemos completamente nosso protocolo. Ficamos contentes de ver a solução sendo bem aceita”, completa Barbieri. 

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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